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CASO SILVEIRINHA
Advogado afirma que não adianta "negar o óbvio", mas diz que a origem de dinheiro é lícita
Defesa diz que fiscal vai admitir ter conta
FERNANDA DA ESCÓSSIA
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
O auditor Sérgio Jacome de Lucena, preso sob acusação de manter conta irregular na Suíça, vai
admitir na Justiça que é o titular
de uma conta naquele país. A informação foi dada ontem por seu
advogado, José Carlos Tórtima.
Desde janeiro, quando veio à tona o escândalo das contas na Suíça em nome de fiscais e auditores
do Rio, é a primeira vez que um
dos investigados assume a titularidade da conta. "Ele vai assumir a
titularidade da conta. Negá-la seria negar o óbvio, porque até as
pedras da Lua sabem. A conta é
dele", afirmou Tórtima.
Lucena foi intimado a depor na
PF (Polícia Federal). Não respondeu ao interrogatório e disse que
só faria declarações em juízo.
O Ministério Público suíço afirma, em documentos enviados à
Justiça brasileira, que Lucena tem
US$ 317,8 mil na conta 182255 ZD
no DBTC (Discount Bank and
Trust Company, hoje Union Bancaire Privée). O dinheiro está bloqueado na Suíça.
Segundo o Ministério Público
suíço, a conta foi aberta em 18 de
março de 1999 por intermédio da
representação do DBTC no Rio de
Janeiro -a Coplac- e, de acordo com informações dessa representação, o dinheiro de Lucena
seria originário de herança de família, formada por apartamentos
vendidos aos poucos.
Na Polícia Federal, Lucena e
mais 11 fiscais e auditores investigados foram indiciados por manutenção de conta no exterior
sem comunicação à Receita Federal, sonegação fiscal e lavagem de
dinheiro. Eles são investigados
sob suspeita de pertencer a um
suposto esquema de corrupção e
envio de dinheiro para o exterior,
mantendo US$ 33,4 milhões em
contas irregulares na Suíça.
Segundo Tórtima, a origem do
dinheiro de Lucena é lícita. O advogado não esclareceu de onde
vem o dinheiro e afirmou que esse
esclarecimento só será dado na
Justiça. Segundo ele, seu cliente é
um homem de classe média.
Tórtima não disse como a conta
foi aberta e afirmou que seu cliente não teme sofrer represálias dos
outros suspeitos. "Ele não vai acusar ninguém", afirmou.
Até agora, todos vinham negando a titularidade das contas.
Ontem, a PF enviou à Polícia Federal Suíça dados cadastrais sobre
mais oito pessoas (sendo cinco
fiscais e auditores) investigadas
naquele país. A instituição brasileira também pediu mais informações sobre esses investigados.
A Polícia Federal deverá indiciar também os donos da Coplac,
Ronaldo Adler e Herry Rosemberg, por participação em manutenção de conta no exterior sem
comunicação à Receita Federal.
A CPI do "Propinoduto" investiga se os fiscais e auditores do Rio
usaram a Libéria, na África, para
enviar dinheiro para fora do país.
Análise do sigilo telefônico mostra que 18 pessoas ligadas direta
ou indiretamente ao suposto esquema de corrupção fizeram
1.200 ligações para o país africano
entre 1999 e 2002. Adler e Rosemberg, da Coplac, também telefonaram para a Libéria, diz a CPI.
Colaborou MAURÍCIO THUSWOL, da
Sucursal do Rio
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