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LEI DA SELVA
Presidente anuncia obra que corta floresta; ambientalistas criticam
Amazônia não é só santuário,
diz Lula ao defender gasoduto
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM COARI (AM)
Num recado a ambientalistas, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou ontem numa base da
Petrobras em Coari (AM) que o
"sul do país" precisa aprender
que a Amazônia não é apenas um
santuário da humanidade.
A afirmação foi feita em discurso no qual anunciou a construção
de um gasoduto de 420 km que
vai cortar a selva amazônica da
província petro-gasífera de Urucu, em Coari, até Manaus. O projeto é criticado por ambientalistas.
"Nós que somos do sul do país
temos que aprender que não dá
para a gente ficar dizendo que a
Amazônia tem que ser um santuário da humanidade e não lembrar que aqui moram quase 20
milhões de seres humanos, que
têm mulheres e filhos e, portanto,
têm o direito de viver dignamente
como qualquer outro ser humano
neste planeta", disse Lula, em discurso para cerca de 500 operários.
Segundo o presidente, "ao mesmo tempo temos que ter clareza
de que, se a gente quiser ter um tipo de desenvolvimento sustentável que preserve o meio ambiente,
nós precisamos ter energia".
"Sem ela nós não conseguiremos
fazer nada", completou ele.
Gás natural
Na solenidade, Lula inaugurou a
terceira unidade de processamento de gás natural de Urucu, que
elevou a capacidade de produção
local de gás natural de 6 milhões
de m3/dia para 10 milhões de m3/
dia, segundo a Petrobras.
O projeto da energia a gás da Petrobrás na Amazônia é orçado em
mais de US$ 1 bilhão e prevê também um gasoduto de Urucu para
Porto Velho (RO). O gás natural
será usado para produção de
energia elétrica, substituindo o
óleo diesel utilizado hoje.
No caso do gasoduto para Porto
Velho, cujo traçado cortará reservas indígenas e áreas de conservação, o projeto está suspenso por
decisão da Justiça Federal.
O gasoduto para Manaus obteve ontem licença de instalação do
Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas).
Disposição
Ainda no discurso na base de
Urucu, o presidente disse que era
preciso disposição do governo
para fazer os investimentos em
obras, como a do gasoduto.
Segundo ele, a energia a gás possibilitará, em dez anos, uma economia de R$ 7,5 bilhões, dinheiro
gasto no subsídio do diesel para as
termoelétricas.
"Há quantos anos esse povo sonha com esse gasoduto Urucu-Manaus. Se você ficar sempre dizendo "tem ou não tem dinheiro",
você nunca vai conseguir fazer.
De vez em quando você tem que
botar a cara para apanhar e dizer:
eu vou fazer, independentemente
de qualquer coisa", disse.
De acordo com o presidente,
"mais importante do que a gente
estar aqui no Estado do Amazonas para assinar um protocolo, é
estar aqui em 2006 para inaugurar
o término do gasoduto".
Lula foi à base de Urucu acompanhado do governador do Amazonas, Eduardo Braga (PPS), dos
ministros Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), Dilma Rousseff (Minas e Energia), Alfredo
Nascimento (Transportes) e do
presidente da Petrobras, José
Eduardo Dutra.
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