São Paulo, sexta-feira, 23 de abril de 2004

Texto Anterior | Índice

TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Mais FMI 34

O site do "Valor" destacou a declaração do ministro Antonio Palocci de que o Brasil apóia o espanhol Rodrigo Rato para dirigir o FMI.
Foi em seguida à reportagem, publicada pelo "Valor" em sua versão impressa, que trazia as declarações de Rato à agência Europa Press.
Na entrevista, relatou o jornal, ele "já fala como novo diretor", afirma que espera "aumentar a cooperação do FMI em projetos de desenvolvimento" e enfatiza que tem o apoio de:
- Quase todos os países da América Latina, de vários árabes e a simpatia de alguns asiáticos.
Se eleito, promete:
- Continuar o importante trabalho de ajudar os países em dificuldades financeiras, dentro de programas para impedir que ocorram novamente.
Não é surpresa que o Brasil, em seguida, tenha reafirmado em voz alta seu apoio.
 
A França, que retirou o seu candidato e apoiou Rato, tem demandas também.
O "Le Monde" buscou expor ontem o conflito no FMI entre "exasperados pequenos países membros" e as "potências". E assinalou a "diversificação das contratações" como "uma das condições impostas pela França a Rato para apoiar seu nome". Em outras palavras:
- Combater a uniformidade de uma formação anglo-saxã que domina grande parte dos funcionários do Fundo. O novo diretor terá uma equipe que não é dele. Notadamente a número 2, a americana Anne Krueger, nomeada pela administração Bush para fazer a "marcação" do diretor anterior.
 
Não se pode imaginar que seja a única posição americana quanto ao Fundo, mas o artigo de um integrante do Council on Foreign Relations, ontem no "Wall Street Journal", indica o que os EUA gostariam do FMI e de seu novo chefe.
- O desafio para o FMI na reunião do fim de semana é achar um modo de dizer o que os membros já sabem: que os imperadores que adornam os dinheiros do mundo estão nus. Só eliminando o germe letal da soberania monetária vai acabar a doença das crises.
Ele defendeu um Mecanismo Redutor do Débito Soberano, que vem sendo desenvolvido por Krueger, e encerrou:
- A única pergunta é se o FMI terá a coragem política de declarar que os bancos centrais nacionais são o fracasso que eles tão obviamente são.


ACABOU
Nos últimos dias, primeiro falou José Serra, depois FHC, depois Míriam Leitão. Agora a revista "The Economist" dá a sua capa para anunciar "o fim do dinheiro barato" (ao lado), com reportagem em que não falta referência ao Brasil. É efeito ainda da previsível elevação dos juros americanos, confirmada há pouco pelo presidente do banco central americano, mas a "Economist" vai além e sugere que se aumente a taxa o quanto antes.
A mesma edição afirma, sob o título "Duvidando de Lula", que os mercados "perderam um pouco de sua confiança" no presidente. Lula "foi uma das melhores surpresas de 2003", mas agora enfrenta "doença comum: o medo de o banco central americano elevar seus juros, tirando capital dos emergentes". Pergunta a revista:
- As políticas ortodoxas do Brasil agüentam o tranco?
Ontem, sim. A "Forbes" noticiou mercados em alta no Brasil, "menos preocupado com a taxa americana".

Outro lado
De vez em quando surgem no Jornal da Globo reportagens do outro mundo. Agora foi sobre Caxias do Sul, onde os salários são elevados, os empresários são corajosos etc. Ana Paula Padrão, no site da Globo:
- Queremos mostrar o outro lado, aquelas regiões em que se encontra emprego.

Pães e florestas
O "New York Times" publicou artigo em defesa da ocupação "realista" da Amazônia:
- A região tem potencial de ser a cesta de pães do mundo e se manter como a maior floresta tropical da Terra.
Mas para tanto "as pessoas têm que revisar as suas idéias". Como se viu, horas depois Lula revisou as suas.

Bob Woodward
O impacto do novo livro do jornalista Bob Woodward veio seguido de uma desconstrução de seu personagem.
Para o "New York Times", é o "cronista de detalhes saborosos do oficialismo". A Slate.com o descreve como "estúpido como uma raposa" -e reafirma que, como no filme sobre Watergate, ele escreve muito mal.

Recorde de Bush
O "USA Today" destacou que a campanha de George W. Bush gastou em fevereiro e março US$ 98 milhões, quase os US$ 101 milhões gastos por ele na eleição de 2000.
A maior parte teria ido para os comerciais que fixaram uma imagem de fraco no adversário John Kerry -e permitiram a Bush retomar a dianteira.


OS CORPOS
Começou num jornal de Seattle, segundo "O Globo", e se espalha pela internet. O site Drudge Report jogou no ar imagens (acima) de caixões de soldados chegando à base de Dover, nos EUA, e relatou que "centenas" delas correm pela web. O "Washington Post", sem dar as fotos, reproduziu a ordem do Pentágono às bases, em março:
- Não haverá cobertura de mídia de militares mortos.
"Mas na era da internet as imagens fluem sem respeito a decretos de governo", responde Matt Drudge, do site.


Texto Anterior: Imprensa: Liminar reabre jornal fechado por juiz eleitoral
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.