São Paulo, domingo, 23 de abril de 2006

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"Discurso tem de levantar esperanças", diz coordenador de campanha tucana

DA REPORTAGEM LOCAL

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista com Sérgio Guerra:

Folha - Geraldo Alckmin tem insistido na idéia de austeridade na campanha. É possível?
Sérgio Guerra -
Tenho certeza que sim. Acho que, inclusive, as campanhas tenderão a ser mais baratas nesta eleição.

Folha - Mas, neste primeiro momento, há muita queixa de falta de estrutura para Alckmin.
Guerra -
No primeiro momento, não tem campanha. Vamos montar uma estrutura básica, para suportar esforços de articulação política, de visitação aos Estados.

Folha - O senhor acha que será difícil a captação de recursos?
Guerra -
Não. O candidato tem muito apoio.

Folha - Essa campanha requer mais cuidado que as anteriores?
Guerra -
O primeiro cuidado é fazê-la econômica e outro é cumprir a lei. Numa campanha eleitoral, austeridade tem que ser quase uma fixação.

Folha - O senhor acha que Alckmin, como dizem, falhou no primeiro teste, na comunicação, quando houve uma enxurrada de críticas a ele?
Guerra -
Essa volúpia acusatória já já se desestrutura.

Folha - Mas o senhor não acha que foi o suficiente para descaracterizar Alckmin como o candidato honesto?
Guerra -
Não. Uma pessoa que governou São Paulo por tantos anos e, ao término de seu governo, sofre as acusações medíocres que está sofrendo. Não vale nada. Está fora da linha de suspeição.

Folha - As acusações não nivelam tudo de forma igual?
Guerra -
Essa é a tentativa. Mas não será bem-sucedida. Ninguém agride os fatos. Ele foi governador, muito bem aprovado pela população. Evidentemente austero. Se não as acusações não seriam essas...

Folha - Mas os petistas vão insistir que o Alckmin perdeu o monopólio da honestidade com as denúncias e vão comparar dados.
Guerra -
Não se trata de dizer que Alckmin tem o monopólio da honestidade. Trata-se de trabalhar com a situação de fato. Ele governou o Estado de São Paulo e o governo dele foi limpo. O PT não pode dizer a mesma coisa do governo Lula. Até porque demitiu José Dirceu, demitiu Palocci, mandou o Delúbio para o inferno. Daí para a frente.

Folha - O senhor acha que o PSDB deve restringir a campanha ao discurso da honestidade?
Guerra -
Não. Tem que fazer um discurso que levante as esperanças do país. E, para isso, o partido tem que ter propostas. Tem que ter interação, se apresentar como uma alternativa administrativa e econômica.

Folha - O senhor considera equivocados os que apostam num debate ético?
Guerra -
Não. Acho que o PT vai ter sérios problemas nessa questão ética. Não consigo ver esse problema do nosso lado. Não vai ser necessariamente explorado na campanha. A sociedade brasileira está cansada de saber o que foi feito aí. Ao longo da campanha, esse contraditório vai ficar mais claro. Não será prioridade nossa esse combate.

Folha - O que o senhor acha da proposta de mudança de perfil do Alckmin?
Guerra -
A forma dele é simples, objetiva, sensata, com a vida de homem público limpa e clareza de idéias. É uma forma que o país vai gostar. Até porque contrasta com a outra: um candidato populista, que fala demais, não tem responsabilidade sobre o que diz.

Folha - O senhor sempre foi identificado com o prefeito José Serra, como defensor de sua candidatura. Causou algum desconforto a defesa da candidatura Alckmin?
Guerra -
Defendo a candidatura de Geraldo com o mesmo entusiasmo com que defenderia a candidatura de José Serra, de quem sou amigo e admirador.

Folha - O que falta à candidatura Alckmin hoje?
Guerra -
Nesta campanha ele vai ter de agregar forças sociais e políticas ainda, se identificar com parcelas do país que não o conhecem perfeitamente e fazer o discurso construtivo.

Folha - O PT vai insistir na comparação com o governo FHC. É possível evitar que venha à baila?
Guerra -
É uma armadilha elementar. A tendência da sociedade é não levar isso a sério. Até porque foram governos em momentos e situações diferentes. Li no jornal que o mundo vai crescer 4,5%, 5%, nem sei... É uma outra conjuntura. O Brasil está tendo uma performance medíocre, num outro ambiente internacional. Não tem que comparar nada. Essa comparação é uma fraude. Os pressupostos são falsos.

Folha - Eles conseguem levar o FHC para o centro do debate?
Guerra -
A sociedade não está nessa. A população quer saber o compromisso e a capacidade dos candidatos de cumprir essa promessa. O Geraldo tem uma vida que respalda essa promessa.

Folha - O senhor acha que FHC deve participar da campanha?
Guerra -
Claro. Ele tem um imenso respeito do país. Se ele quiser, é ótimo. Se puder, acho muito bom.

Folha - O senhor já o convidou para atuar na campanha?
Guerra -
Não serei eu que vou fazer isso.


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