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"Discurso tem de levantar esperanças", diz coordenador de campanha tucana
DA REPORTAGEM LOCAL
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista com Sérgio
Guerra:
Folha - Geraldo Alckmin tem insistido na idéia de austeridade na
campanha. É possível?
Sérgio Guerra - Tenho certeza
que sim. Acho que, inclusive, as
campanhas tenderão a ser mais
baratas nesta eleição.
Folha - Mas, neste primeiro momento, há muita queixa de falta de
estrutura para Alckmin.
Guerra - No primeiro momento,
não tem campanha. Vamos montar uma estrutura básica, para suportar esforços de articulação política, de visitação aos Estados.
Folha - O senhor acha que será difícil a captação de recursos?
Guerra - Não. O candidato tem
muito apoio.
Folha - Essa campanha requer
mais cuidado que as anteriores?
Guerra - O primeiro cuidado é
fazê-la econômica e outro é cumprir a lei. Numa campanha eleitoral, austeridade tem que ser quase
uma fixação.
Folha - O senhor acha que Alckmin, como dizem, falhou no primeiro teste, na comunicação,
quando houve uma enxurrada de
críticas a ele?
Guerra - Essa volúpia acusatória
já já se desestrutura.
Folha - Mas o senhor não acha
que foi o suficiente para descaracterizar Alckmin como o candidato
honesto?
Guerra - Não. Uma pessoa que
governou São Paulo por tantos
anos e, ao término de seu governo, sofre as acusações medíocres
que está sofrendo. Não vale nada.
Está fora da linha de suspeição.
Folha - As acusações não nivelam
tudo de forma igual?
Guerra - Essa é a tentativa. Mas
não será bem-sucedida. Ninguém
agride os fatos. Ele foi governador, muito bem aprovado pela
população. Evidentemente austero. Se não as acusações não seriam essas...
Folha - Mas os petistas vão insistir que o Alckmin perdeu o monopólio da honestidade com as denúncias e vão comparar dados.
Guerra - Não se trata de dizer
que Alckmin tem o monopólio da
honestidade. Trata-se de trabalhar com a situação de fato. Ele
governou o Estado de São Paulo e
o governo dele foi limpo. O PT
não pode dizer a mesma coisa do
governo Lula. Até porque demitiu
José Dirceu, demitiu Palocci,
mandou o Delúbio para o inferno.
Daí para a frente.
Folha - O senhor acha que o PSDB
deve restringir a campanha ao discurso da honestidade?
Guerra - Não. Tem que fazer um
discurso que levante as esperanças do país. E, para isso, o partido
tem que ter propostas. Tem que
ter interação, se apresentar como
uma alternativa administrativa e
econômica.
Folha - O senhor considera equivocados os que apostam num debate ético?
Guerra - Não. Acho que o PT vai
ter sérios problemas nessa questão ética. Não consigo ver esse
problema do nosso lado. Não vai
ser necessariamente explorado na
campanha. A sociedade brasileira
está cansada de saber o que foi feito aí. Ao longo da campanha, esse
contraditório vai ficar mais claro.
Não será prioridade nossa esse
combate.
Folha - O que o senhor acha da
proposta de mudança de perfil do
Alckmin?
Guerra - A forma dele é simples,
objetiva, sensata, com a vida de
homem público limpa e clareza
de idéias. É uma forma que o país
vai gostar. Até porque contrasta
com a outra: um candidato populista, que fala demais, não tem responsabilidade sobre o que diz.
Folha - O senhor sempre foi identificado com o prefeito José Serra,
como defensor de sua candidatura.
Causou algum desconforto a defesa da candidatura Alckmin?
Guerra - Defendo a candidatura
de Geraldo com o mesmo entusiasmo com que defenderia a candidatura de José Serra, de quem
sou amigo e admirador.
Folha - O que falta à candidatura
Alckmin hoje?
Guerra - Nesta campanha ele vai
ter de agregar forças sociais e políticas ainda, se identificar com parcelas do país que não o conhecem
perfeitamente e fazer o discurso
construtivo.
Folha - O PT vai insistir na comparação com o governo FHC. É possível evitar que venha à baila?
Guerra - É uma armadilha elementar. A tendência da sociedade
é não levar isso a sério. Até porque
foram governos em momentos e
situações diferentes. Li no jornal
que o mundo vai crescer 4,5%,
5%, nem sei... É uma outra conjuntura. O Brasil está tendo uma
performance medíocre, num outro ambiente internacional. Não
tem que comparar nada. Essa
comparação é uma fraude. Os
pressupostos são falsos.
Folha - Eles conseguem levar o
FHC para o centro do debate?
Guerra - A sociedade não está
nessa. A população quer saber o
compromisso e a capacidade dos
candidatos de cumprir essa promessa. O Geraldo tem uma vida
que respalda essa promessa.
Folha - O senhor acha que FHC deve participar da campanha?
Guerra - Claro. Ele tem um
imenso respeito do país. Se ele
quiser, é ótimo. Se puder, acho
muito bom.
Folha - O senhor já o convidou para atuar na campanha?
Guerra - Não serei eu que vou fazer isso.
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