São Paulo, domingo, 23 de abril de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Pré-candidato do PMDB endossa programa idealizado pelo economista Carlos Lessa, que repudia neoliberalismo e propõe queda dos juros

Garotinho prega fim de superávit primário

Alexandre Campbell - 13.abr.06/Folha Imagem
O ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho, pré-candidato à Presidência pelo PMDB


SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O pré-programa econômico da candidatura do ex-governador Anthony Garotinho (PMDB-RJ) à Presidência da República prevê a redução e eventual eliminação do superávit primário (economia para pagamento dos juros da dívida), o controle da entrada e saída de capitais, a redução da taxa de juros, a administração do câmbio e um pacto pela estabilidade dos preços.
As propostas econômicas de Garotinho foram elaboradas por uma comissão coordenada pelo economista Carlos Lessa, primeiro presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Filiado ao PMDB desde a sua fundação -antes, já era um histórico do MDB- , o nacionalista Lessa recebeu no ano passado o convite para elaborar o programa de governo do partido. O convite não foi feito por Garotinho, mas pelo deputado federal Michel Temer (SP), presidente do PMDB.
Desde o início de sua pré-campanha, Garotinho assumiu as propostas de Lessa. O ex-governador circulou pelo país defendendo o que o ex-presidente do BNDES propõe no até agora batizado "Pré-Programa de Governo - Para Mudar o Brasil".
O pré-programa só deverá virar oficialmente programa após o PMDB definir se terá candidato próprio à sucessão de Lula. Caso seja escolhido na convenção, marcada para junho, Garotinho já disse que adotará o programa.
O pré-candidato tem repetido em discursos e reuniões políticas as propostas econômicas da equipe sob o comando de Lessa.

Contra o neoliberalismo
Em artigo para a revista "Para Mudar o Brasil", que será lançada ainda neste mês pelo PMDB, Garotinho repudia, a exemplo de Lessa e equipe, o neoliberalismo.
"É preciso repudiar essa tentativa de instituir um só pensamento na economia. É perfeitamente possível romper com o atual modelo e se caminhar para uma alternativa sustentada, que tenha como metas o crescimento econômico e o enfrentamento dos problemas sociais do país", diz.
De acordo com o pré-programa econômico proposto ao PMDB, "a macroeconomia de curto prazo que se nutre do próprio fracasso (...) precisa ser substituída por uma economia do desenvolvimento, com uma combinação de políticas monetária e fiscal que nos coloque no rumo do pleno emprego".
Ainda segundo o pré-programa, o superávit primário, "no nível praticado hoje, significa que o governo retira da economia cerca de R$ 80 bilhões por ano, recolhidos do povo, para pagar parte dos juros da dívida".
"O primeiro efeito é produzir uma transferência de renda dos pobres (os maiores pagadores de impostos) para os ricos (que detêm os títulos da dívida)."
Garotinho assumiu o compromisso de aplicar os R$ 80 bilhões em educação, saúde, habitação popular, reforma agrária, agricultura, saneamento, infra-estrutura, segurança e defesa.
"Milhões de empregos diretos poderão ser criados assim", prevê o pré- programa, que defende que os investimentos não gerarão inflação, "pois não se trata de emissão primária de moeda", mas de "dinheiro que foi retirado da sociedade por meio de impostos".


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