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PSB marca data para retirar Ciro da disputa presidencial
Partido fará consulta formal aos Estados antes de anunciar aliança com Dilma
Em reunião com a cúpula do
partido, deputado repetiu
desejo de ser candidato,
mas ouviu que diretórios
regionais negociam com PT
VERA MAGALHÃES
EDITORA DE BRASIL
FERNANDO RODRIGUES
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PSB deve anunciar na próxima terça-feira que o deputado federal Ciro Gomes não será
candidato a presidente da República. Até lá, o partido cumprirá um ritual para dar a Ciro
uma saída honrosa: formalmente, fará uma consulta sobre
o apoio político à candidatura
de Ciro nos Estados.
Como a maioria dos diretórios opinará por uma aliança
com o PT, caberá ao governador de Pernambuco e presidente da sigla, Eduardo Campos,
anunciar a retirada de Ciro.
Ciro foi avisado ontem, em
reunião com a cúpula partidária, de que as conversas com a
campanha de Dilma Rousseff
avançaram e que o PSB entregou ao PT uma lista de cinco
Estados em que espera alguma
contrapartida dos aliados.
Foram relatados vários casos
regionais em que caciques que
antes manifestavam apoio à
candidatura própria já estão se
acertando com o PT. Além disso, a queda do deputado nas
pesquisas foi usada como argumento de que sua candidatura
não deverá ser decisiva para haver um segundo turno, como o
próprio Ciro sustentava.
O "álibi" da direção do PSB
para retirar Ciro serão as respostas dos Estados, que deverão ser entregues por escrito
até segunda-feira. Na conversa,
o deputado se comprometeu a
aceitar a decisão do partido,
mas reafirmou sua vontade de
ser candidato. "Ele nos disse
que vai acatar a decisão. Se for
para não ser candidato, vai acatar. Vai ficar feliz? Não, mas vai
acatar", disse Eduardo Campos, que conversou com Ciro
juntamente com o vice-presidente Roberto Amaral.
Na véspera, emissários do
PSB entregaram ao coordenador político da campanha de
Dilma Rousseff (PT), Fernando
Pimentel, uma lista de exigências para um acordo nacional.
Ela envolve desde apoio a
candidatos do PSB, em Estados
como Piauí e Amapá, até a tolerância do PT com lugares onde
Dilma teria dois palanques, como São Paulo, Espírito Santo e
Rio Grande do Sul. Nesses lugares, o PSB quer que o PT "libere" partidos da base aliada, como PC do B e PR, para apoiar
candidatos socialistas, garantindo-lhes tempo de TV.
"Discutimos as situações nos
Estados. O Ciro se mostrou
compreensivo. Ele me pediu
para apressar a decisão do partido e eu marquei essa reunião
para o dia 27", relatou Campos.
Ciro disse compreender as
escolhas políticas locais, mas
ponderou que, talvez, a estratégia de Lula -de optar por uma
polarização imediata entre Dilma e o tucano José Serra- esteja errada. Ele comunicou que,
caso a decisão seja tirá-lo da
disputa, ele fará uma viagem ao
exterior e, na volta, decidirá em
quais campanhas estaduais do
partido pretende ajudar.
No final do dia, a assessoria
de Ciro divulgou nota em que
diz que ele "continua candidato" e que "jamais desistirá". "Se
o seu partido decidir por não
apresentar candidatura própria, que assuma o ônus da decisão, que ele respeitará."
Foi uma declaração retórica.
À direção da sigla, ele disse se
sentir premido a dar uma satisfação a seus eleitores -depois
de ter sido candidato a presidente duas vezes e hoje estar
com cerca de 10% das intenções de voto. "Não quero que
pensem que cedi aos caprichos
do PT, ou do presidente Lula",
disse, na reunião.
Colaborou ANDREZA MATAIS, da Sucursal de Brasília
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