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Greve de professor foi política, diz procurador
Parecer enviado ao TSE afirma que manifestação organizada por sindicato de SP teve caráter de propaganda anti-Serra
Representação é de autoria do PSDB e do DEM; sindicato dos professores argumenta que o tucano ainda não era candidato à época da greve
SILVIO NAVARRO
DO PAINEL
Parecer enviado ontem pela
Procuradoria-Geral Eleitoral
ao TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) afirma que a greve
organizada pela Apeoesp (sindicato dos professores da rede
estadual de São Paulo), em
março, teve caráter de "propaganda eleitoral antecipada negativa" contra o pré-candidato
tucano à Presidência, José Serra. A representação é de autoria
do PSDB e do DEM.
No documento, a Procuradoria argumenta que os discursos
e as faixas utilizados no protesto não fizeram referência à gestão da administração estadual,
e sim "à suposta inaptidão de
Serra em ocupar o cargo de presidente". O relator do caso no
tribunal é Aldir Passarinho, um
dos ministros que recentemente votaram a favor de multar o
presidente Lula por campanha
antecipada em evento do PAC.
"Constata-se evidente propaganda eleitoral antecipada
negativa, a qual voltou seu foco
à depreciação da imagem do
candidato ao cargo majoritário
do governo federal pelo PSDB",
diz o parecer, que leva a assinatura do procurador-geral da
República, Roberto Gurgel.
A Procuradoria rebate a defesa do sindicato e de sua dirigente, Maria Izabel Noronha, segundo quem o tucano ainda
não era candidato à época da
greve. A pré-candidatura de
Serra foi lançada oficialmente
no último dia 10, em Brasília.
"Já era veiculado em toda a mídia nacional que José Serra era
candidato à Presidência."
O órgão também recusa o argumento da defesa de que o ato
foi direcionado a um público
específico. "A categoria alvo
[professores] é extremamente
grande e influente entre outros
eleitores, além de estar situada
no maior colégio eleitoral do
país. E a manifestação ocorreu
em lugar de grande circulação
de pessoas e onde qualquer
eleitor poderia parar para ouvir
discursos."
O protesto, supostamente
por aumento salarial, promovido no dia 26 de março em frente ao Palácio dos Bandeirantes,
reuniu 5.000 pessoas segundo
a Polícia Militar, e 20 mil na
versão do sindicato. Terminou
em confronto entre policiais e
professores. Houve ao menos
20 feridos, 10 deles policiais.
O relatório do procurador cita o discurso de Maria Izabel
durante o ato: "Esse senhor que
quer ser presidente da República não será!". "Estamos aqui
para quebrar a espinha dorsal
desse partido e desse governador." Chamada de Bebel, ela é
filiada ao PT na chamada Articulação Sindical, ligada à CUT.
Gurgel defende que houve
afronta à lei 9.504/1997, que
regulamenta as eleições. "O
movimento grevista, que deveria se destinar ao debate das
condições de trabalho, terminou sendo utilizado para fazer
críticas e veicular propaganda
negativa do PSDB e seu pré-candidato, certamente com o
objetivo de levar ao conhecimento de todos que este não é o
mais apto ao exercício da função pública e de levar ao eleitor
a nele não votar nas eleições
que se avizinham."
Ele termina recomendando
ao tribunal a aplicação de multa
"no valor máximo" pela "gravidade da conduta" da Apeoesp e
de sua presidente.
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