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SISTEMA FINANCEIRO
Ex-presidente do BC sabia que documento havia sido descoberto quando pediu nova data para depor
Carta sobre conta no exterior abala Lopes
da Sucursal de Brasília
Ao pedir na última segunda-feira o adiamento do seu depoimento à CPI dos
Bancos, o ex-presidente do
Banco Central
Francisco Lopes já sabia que o Ministério Público Federal conhecia
o bilhete de seu ex-sócio Sérgio
Bragança, da consultoria Macrométrica.
Na carta -que estava em um envelope dirigido à mulher de Lopes,
Araci Pugliese-, Sérgio Bragança
afirmava ter sob custódia US$ 1,67
milhão pertencente do ex-presidente do BC e depositado em conta
no exterior.
José Geraldo Grossi, advogado
de Lopes em Brasília, afirmou ontem que a informação sobre a
apreensão do documento chegou
ao ex-presidente do BC na manhã
de segunda. O depoimento estava
marcado para as 16h daquele dia.
Lopes enviou então uma carta
aos senadores, pedindo um adiamento de 20 dias e criticando a
apreensão de documentos em sua
casa.
Os integrantes da CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito) concordaram em transferir o depoimento
para a próxima segunda.
Segundo Grossi, no sábado, Lopes estava decidido a depor na CPI.
Ele teria ficado "abatido" a partir
das informações divulgadas pela
imprensa no fim-de-semana.
Na segunda, seus advogados obtiveram a informação de que os
procuradores estavam de posse da
carta que citava o depósito de US$
1,67 milhão no exterior.
"Os fatos que se atribuem a ele
são graves. É natural que um homem honesto, correto, tenha ficado abatido", comentou Grossi.
Ele informou que Lopes viajou
para São Paulo na terça-feira à noite, mesmo tendo alegado à CPI que
precisava ficar no Rio. "Está descansando na casa de parentes",
disse o advogado.
A existência do bilhete de Bragança foi relatada à CPI pelos procuradores do Ministério Público
Federal ainda na segunda, depois
de aprovado o adiamento.
Grossi já tem experiência em
CPI. Foi o primeiro advogado de
José Carlos Alves dos Santos, testemunha-chave da CPI do Orçamento, que resultou na cassação de vários parlamentares.
"Eu só pego casos cabeludos, que
balançam com o país", brincou o
advogado.
Questionado se haveria semelhança entre os dois casos, respondeu com outra brincadeira: "Neste
caso não há mulher morta".
José Carlos foi condenado como
mandante do assassinato da sua
mulher, Ana Elizabeth Lofrano.
Grossi esteve ontem no gabinete
do presidente da CPI dos Bancos,
senador Bello Parga (PFL-MA),
para se credenciar como advogado
de Lopes na CPI.
(LUCIO VAZ)
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