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SISTEMA FINANCEIRO
Declaração é incompatível com suposto US$ 1,675 mi que ex-presidente do BC teria em conta externa
IR de Lopes aponta R$ 139 mil em bens
FERNANDO RODRIGUES
enviado especial ao Rio
O ex-presidente do Banco
Central Francisco Lopes tem
uma declaração
de bens incompatível com o
suposto US$
1,675 milhão que teria no exterior,
segundo um bilhete encontrado
em seu apartamento durante revista na semana passada.
Os procuradores da República
no Rio apreenderam na casa de Lopes várias declarações de Imposto
de Renda do ex-presidente do BC.
Na declaração de IR do ano passado (referente ao ano de 97), segundo relato ouvido pela Folha diretamente de quem manuseou o
documento, Chico Lopes declarou
ter bens num valor total equivalente a R$ 139,9 mil. Não consta nenhuma conta no exterior.
Além disso, Lopes declarou rendimentos tributáveis de R$ 142,5
mil em 97, conforme o documento
apreendido em seu apartamento.
Ele afirma ter apenas duas fontes
de renda: o Banco Central e a editora Campus.
No caso da editora, que lhe paga
direitos autorais por livros publicados, o rendimento foi irrisório
em 97: apenas R$ 37,00.
Apenas em uma das declarações
de renda apreendidas, de alguns
anos atrás, há menção a uma conta
no exterior.
Mas o valor foi considerado irrisório pelos procuradores. Além
disso, o período dessa conta estava
relacionado a uma época em que o
ex-presidente do BC estudou no
exterior.
Como o sigilo fiscal de Francisco
Lopes não foi quebrado, essas declarações não podem ser consideradas pela Justiça.
Requerimento
Por isso os procuradores pediram à Justiça que requeira diretamente à Receita Federal as últimas
declarações de renda de Lopes. Só
então será possível ter certeza absoluta de que o ex-presidente do
BC nunca declarou ter uma conta
no exterior com US$ 1,675 milhão.
Esse valor foi mencionado em
um bilhete com a autoria atribuída
a Sérgio Luiz Bragança, ex-sócio de
Lopes na consultoria Macrométrica, e endereçado a Araci Pugliese,
mulher de Lopes.
No bilhete, Bragança afirmava
ter essa quantia depositada em
contas de sua titularidade no exterior, mas que o dinheiro pertenceria a Lopes.
Nada há de ilegal em ter dinheiro
depositado no exterior. Se o ex-presidente do Banco Central assumir que o dinheiro é mesmo seu,
terá necessariamente de provar
que o informou à Receita Federal
sua existência -além de provar
qual foi a sua fonte de renda. Caso
contrário, estaria cometendo um
crime fiscal.
Provas
Apesar das evidências encontradas até agora, os procuradores da
República no Rio e os senadores
membros da CPI dos Bancos consideram que não têm provas conclusivas para incriminar Chico Lopes. Eles acham que serão necessários mais documentos e depoimentos para tirar uma conclusão
do caso.
Segundo a Folha apurou, as declarações de IR de Lopes faziam
parte de um lote de documentos
que seriam devolvidos ao ex-presidente do BC, por terem sido considerados pessoais e inúteis para o
inquérito.
Ontem, os senadores da CPI dos
Bancos que estiveram no Rio fizeram uma triagem desse material
que seria devolvido a Chico Lopes.
Solicitaram à juíza federal do Rio
Ana Paula Vieira de Carvalho, responsável pelo caso, que mantivesse alguns dos documentos.
Pilha
No final do dia, uma pilha de
aproximadamente 5 cm de documentos que estavam sendo devolvidos a Chico Lopes acabou permanecendo no prédio da Justiça
Federal. Os papéis foram fotocopiados pela equipe da CPI dos Bancos que esteve no local.
A rigor, os senadores da CPI só
tiveram acesso ontem aos documentos que estavam sendo devolvidos ao ex-presidente do BC.
A parte principal do material
apreendido ficou o dia inteiro sendo fotocopiada pelos técnicos. Hoje, os senadores terão acesso ao
material completo.
A equipe de senadores e técnicos
da CPI dos Bancos está no Rio de
Janeiro desde a quarta-feira passada.
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