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CPI DO JUDICIÁRIO
Santos Neto leu a declaração no escritório do advogado
Juiz aposentado reaparece e nega acusações de comissão
CARLOS EDUARDO ALVES
da Reportagem Local
O juiz aposentado Nicolau
dos Santos Neto,
acusado pela
CPI do Judiciário de enriquecimento ilícito,
reapareceu ontem em São Paulo e negou ter cometido irregularidades quando
conduziu o processo de construção do Fórum Trabalhista de São
Paulo.
Santos Neto leu, no escritório de
seu advogado, Alberto Zacharias
Toron, um comunicado em que se
diz à disposição das autoridades
para prestar esclarecimentos.
"Estou indignado com a falsidade das acusações que me têm sido
dirigidas", afirma o texto assinado
pelo juiz aposentado. No comunicado, Neto declara ainda que foi legal a contratação da Incal Incorporadora para construir o prédio.
Neto é acusado, entre outros, por
seu ex-genro Marco Aurélio Gil de
Oliveira, de ter cometido procedimentos irregulares para dar a obra
para a Incal, construtora de Fábio
Monteiro de Barros Filho, com
quem manteria relações comerciais. A obra, inacabada, já consumiu R$ 230 milhões.
Neto não permitiu que os jornalistas fizessem perguntas. Ele foi
convocado pela CPI do Judiciário
para depor na próxima quinta.
O advogado de Santos Neto disse
que seu cliente tem condições de
provar que seus bens têm origem
conhecida e legal. "É patrimônio
de família", afirmou Toron, que
não apresentou documentos, o
que, segundo ele, ocorrerá na CPI.
"Os depoimentos do ex-genro do
juiz são absolutamente levianos",
disse o advogado. Toron acrescenta que Neto não tem conta bancária na Suíça, mas esclareceu se seu
cliente teria patrimônio ou dinheiro em outros países.
"Ele (Neto) não tem apartamento em Miami", declarou o advogado sobre outra acusação contra o
juiz aposentado. Pelos dados da
CPI, Santos Neto teria um imóvel
em Miami que seria incompatível
com seus rendimentos.
Segundo Toron, o juiz conhecia o
dono da Incal antes da construção
do Fórum Trabalhista. "Só que era
um relacionamento formal", disse.
Até ontem, o juiz recusava-se a
aparecer em público. Durante a
entrevista, ficou evidente o esforço
do advogado para contestar a versão que apontava Santos Neto como foragido. "Conversei com o
juiz várias vezes durante a semana
e ele estava aqui em São Paulo,
nunca foi um foragido", disse.
A CPI quer saber, entre outros
pontos, a razão de Santos Neto ter
permanecido na direção da comissão de obras do Tribunal Regional
do Trabalho de São Paulo, mesmo
após ter deixado a presidência do
tribunal. Barros Filho não foi localizado ontem.
Uma comissão de três senadores da CPI chegam a São Paulo hoje para investigar o caso. procuradora
Maria Luiza Duarte, responsável
pelo inquérito que apura o superfaturamento. Depois, farão uma
visita à obra.
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