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Comissão chega hoje para vistoriar obra
da Sucursal de Brasília
Como "próximos alvos", a CPI
vai investigar denúncias envolvendo TRTs de pelo menos outros três
estados: Paraíba, Roraima e Rio.
"O caso do TRT paulista é um
ótimo filão para a CPI, e vamos a
fundo", disse Geraldo Althoff
(PFL-SC), membro da CPI, integrante da missão em São Paulo.
Althoff disse que a CPI quer saber até onde se estendem os "tentáculos" da rede de influências que
teria se formado dentro do TRT e
que levou à construção pela Incal
Incorporações do prédio do Fórum Trabalhista de São Paulo.
Contratada em 1992, a obra, inacabada, já consumiu R$ 230 milhões. A Incal não participou de
concorrência pública, não ofereceu garantias nem cronograma da
obra, mas recebeu recursos do Orçamento da União antes mesmo de
o contrato ser assinado.
Impressiona a CPI o fato de que,
mesmo quando apenas 11% da
obra havia sido executada, 43% do
repasse financeiro já tinha sido feito para a construtora.
"Os fatos sugerem que há uma
rede de corrupção, mas não podemos sair acusando as pessoas. Estamos ainda na fase investigatória", disse Althoff.
O nome-chave no caso é o juiz
aposentado Nicolau dos Santos
Neto, que presidia o tribunal na
época em que foi feita a licitação e
assinado o contrato para a construção do prédio. Santos Neto será
chamado para depor na CPI. A comissão acredita, no entanto, que as
irregularidades administrativas
são anteriores à gestão do juiz.
"Isso não vai ficar no Nicolau",
afirmou Carlos Wilson (PSDB-PE), vice-presidente da comissão.
"A posição do juiz era a mais escandalosa. Agora a CPI vai chegar
aos outros. Sabemos que existem
problemas anteriores e posteriores
(à gestão de Santos Neto)."
Além de Santos Neto devem ser
ouvidos na CPI o ex-genro do juiz,
Marco Aurélio Gil de Oliveira, e o
presidente da Incal, Fábio Monteiro de Barros Filho, que conhece
Santos Neto há duas décadas.
O juiz terá que explicar na CPI
seu enriquecimento. Ao Ministério Público, o ex-genro do juiz disse que Santos Neto mantinha padrão de vida muito superior ao que
seu salário permitiria.
Viagens regulares aos EUA em
primeira classe e aquisições milionárias -um apartamento de US$
800 mil e carros avaliados em mais
de US$ 100 mil, como o Porsche
prata comprado por US$
124.932,29- foram alguns dos
gastos citados por Oliveira.
"Primeiro, o prédio caro que não
termina. Depois o juiz e seu patrimônio impressionante. Existem
fortes indícios de relação de causa
e efeito. É o que queremos provar
agora", disse Althoff.
Visita à obra
Oficialmente, os senadores Paulo
Souto (PFL-BA), Wilson e Althoff
reúnem-se com a procuradora
Maria Luiza Duarte, responsável
pelo inquérito que apura o superfaturamento. Depois, farão uma
visita à obra.
Não constam da agenda os encontros que os senadores pretendem manter com pessoas que têm
oferecido à CPI informações e documentos. Foi por intermédio de
uma dessas pessoas que a CPI obteve cópia da nota fiscal de compra
do Porsche prata.
O "dossiê Nicolau" relaciona documentos que ligam o juiz à empresa Hillside Trading, que teria
sido formada apenas para servir de
fachada para os negócios que o juiz
manteria em Miami (EUA).
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