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AGRESSÃO
Edi Paraizo, 27, secretário-geral da União Sorocabana dos Estudantes, diz que, se quisesse machucar, usaria pedra
Petista que agrediu Serra diz que ato foi "desabafo"
ELIANE SILVA
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
O estudante Edi Paraizo, 27, que
estourou um ovo no rosto do ministro da Saúde, José Serra, no sábado passado, em Sorocaba, disse
ontem que sua atitude foi apenas
um "desabafo".
Se quisesse agredir o ministro,
argumentou o manifestante,
""usaria uma pedra".
Ele afirmou que está constrangido e assustado com a repercussão do fato e que está tomando
calmantes desde sábado para "suportar a pressão".
Edi Paraizo deve ser ouvido pelo delegado seccional da cidade,
Adilson José Vieira, nos próximos
dias. Caso indiciado e julgado, o
estudante pode ser punido com
uma pena que varia de seis meses
a dois anos de prisão, se sua atitude for considerada desacato a autoridade.
Caso seja enquadrado por injúria real (com agressão), pode pegar de três meses a um ano.
"Antes de decidir como enquadrá-lo, preciso conhecer a intenção de sua agressão", afirmou o
delegado Vieira.
Segundo ele, a identificação extra-oficial de Paraizo ocorreu no
sábado por meio de um telefonema feito à Polícia Militar.
Pedra
"Não pretendi atingir a figura
do ministro, nem machucá-lo, ou
teria usado uma pedra. Meu ato
foi um protesto contra a política
neoliberal do governo do PSDB
que está violentando a população
brasileira", disse.
A agressão ocorreu na porta do
clube União Recreativa, pouco
antes do encontro regional do
PSDB.
Paraizo, secretário-geral da USE
(União Sorocabana dos Estudantes), protestava junto com mais
seis diretores da entidade.
"Compramos três ovos, mas o
alvo não era o Serra. Poderia ser
qualquer figura importante do
PSDB", afirmou.
Segundo ele, a agressão só ocorreu porque a segurança do ministro "falhou muito".
Petista
Apesar de se dizer arrependido
de ter agredido Serra, o estudante,
filiado ao PT, afirma que, "se estiver livre", vai continuar participando de protestos e passeatas
contra o governo.
Ele faz vestibular para a Fatec de
Sorocaba, alega não ter nenhum
interesse de ser candidato ou virar
"estrela" e diz que começou sua
militância no movimento estudantil no governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello.
"Fui um cara-pintada."
Conceição Paraizo, a mãe do estudante, afirma estar assustada
com os boatos que correm na cidade segundo os quais o filho pode ser enquadrado na Lei de Segurança Nacional.
A possibilidade é descartada pelo delegado Vieira.
"Estou chateada pelo ato do
meu filho, mas estou ao seu lado
para o que der e vier", disse a mãe
de Paraizo.
O estudante ainda não foi notificado para depor. "Não sei o que
vai acontecer comigo, mas estou
em minha casa esperando ser
chamado pelo delegado", disse
Edi Paraizo.
Paulo Henrique Soranz, advogado da União Sorocabana dos
Estudantes, vai defender Paraizo.
Márcia Azinni, presidente do
diretório do PT de Sorocaba, afirmou que o estudante é filiado há
dois anos ao partido.
Ela nega que o PT tenha apoiado o ato. "Eu soube pela TV." Segundo Azinni, o diretório ainda
não discutiu o que vai fazer a respeito do caso.
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