São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 2000


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AGRESSÃO
Edi Paraizo, 27, secretário-geral da União Sorocabana dos Estudantes, diz que, se quisesse machucar, usaria pedra
Petista que agrediu Serra diz que ato foi "desabafo"

ELIANE SILVA
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO


O estudante Edi Paraizo, 27, que estourou um ovo no rosto do ministro da Saúde, José Serra, no sábado passado, em Sorocaba, disse ontem que sua atitude foi apenas um "desabafo".
Se quisesse agredir o ministro, argumentou o manifestante, ""usaria uma pedra".
Ele afirmou que está constrangido e assustado com a repercussão do fato e que está tomando calmantes desde sábado para "suportar a pressão".
Edi Paraizo deve ser ouvido pelo delegado seccional da cidade, Adilson José Vieira, nos próximos dias. Caso indiciado e julgado, o estudante pode ser punido com uma pena que varia de seis meses a dois anos de prisão, se sua atitude for considerada desacato a autoridade.
Caso seja enquadrado por injúria real (com agressão), pode pegar de três meses a um ano.
"Antes de decidir como enquadrá-lo, preciso conhecer a intenção de sua agressão", afirmou o delegado Vieira.
Segundo ele, a identificação extra-oficial de Paraizo ocorreu no sábado por meio de um telefonema feito à Polícia Militar.

Pedra
"Não pretendi atingir a figura do ministro, nem machucá-lo, ou teria usado uma pedra. Meu ato foi um protesto contra a política neoliberal do governo do PSDB que está violentando a população brasileira", disse.
A agressão ocorreu na porta do clube União Recreativa, pouco antes do encontro regional do PSDB.
Paraizo, secretário-geral da USE (União Sorocabana dos Estudantes), protestava junto com mais seis diretores da entidade.
"Compramos três ovos, mas o alvo não era o Serra. Poderia ser qualquer figura importante do PSDB", afirmou.
Segundo ele, a agressão só ocorreu porque a segurança do ministro "falhou muito".

Petista
Apesar de se dizer arrependido de ter agredido Serra, o estudante, filiado ao PT, afirma que, "se estiver livre", vai continuar participando de protestos e passeatas contra o governo.
Ele faz vestibular para a Fatec de Sorocaba, alega não ter nenhum interesse de ser candidato ou virar "estrela" e diz que começou sua militância no movimento estudantil no governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello. "Fui um cara-pintada."
Conceição Paraizo, a mãe do estudante, afirma estar assustada com os boatos que correm na cidade segundo os quais o filho pode ser enquadrado na Lei de Segurança Nacional.
A possibilidade é descartada pelo delegado Vieira.
"Estou chateada pelo ato do meu filho, mas estou ao seu lado para o que der e vier", disse a mãe de Paraizo.
O estudante ainda não foi notificado para depor. "Não sei o que vai acontecer comigo, mas estou em minha casa esperando ser chamado pelo delegado", disse Edi Paraizo.
Paulo Henrique Soranz, advogado da União Sorocabana dos Estudantes, vai defender Paraizo.
Márcia Azinni, presidente do diretório do PT de Sorocaba, afirmou que o estudante é filiado há dois anos ao partido.
Ela nega que o PT tenha apoiado o ato. "Eu soube pela TV." Segundo Azinni, o diretório ainda não discutiu o que vai fazer a respeito do caso.


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