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Todo cuidado é pouco, diz Lula na TV
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois da decisão do
Banco Central de manter a taxa
básica de juros em 26,5% ao ano,
o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva afirmou ontem que quer
mudar o Brasil com segurança,
"sobretudo na área econômica,
onde todo cuidado é pouco".
Lula ocupou 4 dos 20 minutos
do programa do PT nacional, veiculado ontem à noite em rede
obrigatória de rádio e TV, para
defender a política econômica do
seu governo -sem mencionar
nenhum ponto específico- e as
propostas de reforma que levou
ao Congresso.
"Se minha cabeça está cheia de
otimismo em relação ao futuro,
no presente, mais do que nunca,
estou com os pés firmes no chão.
Quero mudar o Brasil, sim, mas
com segurança, sem pressa, com
um passo de cada vez, sobretudo
na área econômica, onde todo
cuidado é pouco, pois dependemos não só de nós, mas também
do contexto mundial", afirmou.
Embora seja um espaço garantido por lei ao partido, o programa
foi todo ocupado pela propaganda do governo Lula. As opiniões
divergentes no interior do PT foram ignoradas, assim como os líderes petistas. Só o presidente do
partido, José Genoino, teve voz.
Sem citar os radicais, Genoino
afirmou que este é o momento de
os petistas refletirem sobre sua
responsabilidade com o Brasil.
"Se é justo reconhecer que o Brasil
modificou o PT, é justo também
dizer que o PT vem mudando o
Brasil", disse.
Produzido pelo publicitário Duda Mendonça, o programa teve
como mote o slogan "a gente sente, o Brasil está diferente".
Para justificar esse bordão, o
programa explorou até um ato de
desobediência civil: a negativa de
um tratorista de derrubar um barraco em Salvador, no último dia 2,
descumprindo ordem judicial.
Também explorou a indicação de
Joaquim Benedito Barbosa Gomes, o primeiro ministro negro
do Supremo Tribunal Federal.
O programa mostra "repórteres" em Miami, Paris, Buenos Aires e Tóquio dizendo que a imagem do país melhorou no exterior
após a posse de Lula. O programa
diz que Lula liderou uma pesquisa
de intenção de votos para presidente da Argentina com 49% das
preferências.
Lula disse que os objetivos da
reforma tributária são reduzir o
peso dos impostos na produção,
incentivar as exportações e reativar a economia. A reforma da
Previdência, afirmou, pretende
acabar com o déficit e corrigir injustiças no sistema.
Sem mencionar seu principal
projeto na área social, o programa
Fome Zero, ele afirmou que outros passos virão: o programa Primeiro Emprego, a reforma agrária e as cooperativas de créditos.
(WILSON SILVEIRA)
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