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São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 2003

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No Peru, presidente busca "denominador comum"

PLÍNIO FRAGA
ENVIADO ESPECIAL A CUZCO

Com seu governo dividido pela manutenção das altas taxas de juros e sem entendimento sobre as reformas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ontem ao encontro de cúpula de chefes de Estado e de governo da América Latina procurando "denominadores comuns".
O avião de Lula pousou às 15h45 (hora local, duas a menos que em Brasília), em Cuzco (a 1.100 km de Lima). O presidente evitou os jornalistas, mas fez uma curta saudação aos peruanos e participantes da 17ª Cúpula do Grupo do Rio ainda no aeroporto. "Aqui buscamos encontrar denominadores comuns para tratar, dentro de um espírito de unidade e colaboração, os grandes temas de interesse das nações da América Latina e do Caribe", afirmou Lula.
Na sua chegada, o presidente recebeu de presente o Vanayoc, um bastão folheado a ouro que reproduz o símbolo da autoridade do Império Inca, cuja capital ficava, no século 15, onde hoje está situada a cidade de Cuzco.
"Passados tantos séculos, seus esplendores e mistérios continuam a inspirar a todos nós, sul-americanos", agradeceu Lula.
Os assessores de Lula negaram que, nas quatro horas e 45 minutos de viagem desde Brasília, ao lado de Marco Aurélio Garcia e do deputado federal Paulo Delgado (PT-MG), a conversa tenha girado em torno da manutenção dos juros em 26,5% pelo Copom (Comitê de Política Monetária).
As críticas do presidente interino, José Alencar, também não teriam sido debatidas. Tampouco teria sido abordada a punição a parlamentares petistas que divulgaram uma fita em que Lula critica o ex-presidente José Sarney e a tributação de inativos que agora ele próprio enviou ao Congresso.
"O presidente comentou a beleza da cordilheira dos Andes", afirmou Paulo Delgado. "Aproveitamos a viagem para despachar temas internacionais", resumiu Marco Aurélio Garcia.
Acompanhado da primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva, o presidente viu, no trajeto do aeroporto ao Hotel Monastério, onde se hospedou, tribos indígenas peruanas acenando para ele. Não teve problemas com professores grevistas peruanos, que ontem tiveram confrontos com a polícia.
Lula se encontrou na noite de ontem com o presidente do Peru, Alejandro Toledo. Durante o encontro, Lula condenou a "globalização desigual dos países mais desenvolvidos".
O petista afirmou que ele e Fox, os únicos latino-americanos a participarem da reunião do G-8 (grupo dos países mais ricos) em 1º de junho na Suíça, vão defender uma globalização mais igualitária.
Como a novela "O Clone" está sendo exibida no país, assessores peruanos citavam os elogios do petista à abordagem do problema das drogas na novela e arriscavam que esse tema seria comentado ontem durante o encontro.
Depois, Lula participou da inauguração do Museu de Arte Pré-Colombiana e jantou com os presidentes do México, Vicente Fox, e do Chile, Ricardo Lagos. Marisa, por sua vez, participou de conversas com as primeiras-damas do México e do Peru.
Tanto Marta Sahagún Fox quanto Eliane Karp de Toledo já foram apelidadas em seus países de "El Chefona", por suas supostas influências nos governos dos seus respectivos maridos. "Não mandamos neles, mas temos de orientá-los", disse Marta Fox em entrevista a um jornal peruano.
O presidente argentino, Eduardo Duhalde, que também jantaria com Lula, cancelou sua visita ao Peru, assim como outros sete presidentes da América Latina e do Caribe.


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