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No Peru, presidente busca "denominador comum"
PLÍNIO FRAGA
ENVIADO ESPECIAL A CUZCO
Com seu governo dividido pela
manutenção das altas taxas de juros e sem entendimento sobre as
reformas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ontem ao
encontro de cúpula de chefes de
Estado e de governo da América
Latina procurando "denominadores comuns".
O avião de Lula pousou às 15h45
(hora local, duas a menos que em
Brasília), em Cuzco (a 1.100 km de
Lima). O presidente evitou os jornalistas, mas fez uma curta saudação aos peruanos e participantes
da 17ª Cúpula do Grupo do Rio
ainda no aeroporto. "Aqui buscamos encontrar denominadores
comuns para tratar, dentro de um
espírito de unidade e colaboração, os grandes temas de interesse
das nações da América Latina e
do Caribe", afirmou Lula.
Na sua chegada, o presidente recebeu de presente o Vanayoc, um
bastão folheado a ouro que reproduz o símbolo da autoridade do
Império Inca, cuja capital ficava,
no século 15, onde hoje está situada a cidade de Cuzco.
"Passados tantos séculos, seus
esplendores e mistérios continuam a inspirar a todos nós, sul-americanos", agradeceu Lula.
Os assessores de Lula negaram
que, nas quatro horas e 45 minutos de viagem desde Brasília, ao
lado de Marco Aurélio Garcia e do
deputado federal Paulo Delgado
(PT-MG), a conversa tenha girado em torno da manutenção dos
juros em 26,5% pelo Copom (Comitê de Política Monetária).
As críticas do presidente interino, José Alencar, também não teriam sido debatidas. Tampouco
teria sido abordada a punição a
parlamentares petistas que divulgaram uma fita em que Lula critica o ex-presidente José Sarney e a
tributação de inativos que agora
ele próprio enviou ao Congresso.
"O presidente comentou a beleza da cordilheira dos Andes", afirmou Paulo Delgado. "Aproveitamos a viagem para despachar temas internacionais", resumiu
Marco Aurélio Garcia.
Acompanhado da primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva, o
presidente viu, no trajeto do aeroporto ao Hotel Monastério, onde
se hospedou, tribos indígenas peruanas acenando para ele. Não teve problemas com professores
grevistas peruanos, que ontem tiveram confrontos com a polícia.
Lula se encontrou na noite de
ontem com o presidente do Peru,
Alejandro Toledo. Durante o encontro, Lula condenou a "globalização desigual dos países mais desenvolvidos".
O petista afirmou que ele e Fox,
os únicos latino-americanos a
participarem da reunião do G-8
(grupo dos países mais ricos) em
1º de junho na Suíça, vão defender
uma globalização mais igualitária.
Como a novela "O Clone" está
sendo exibida no país, assessores
peruanos citavam os elogios do
petista à abordagem do problema
das drogas na novela e arriscavam
que esse tema seria comentado
ontem durante o encontro.
Depois, Lula participou da
inauguração do Museu de Arte
Pré-Colombiana e jantou com os
presidentes do México, Vicente
Fox, e do Chile, Ricardo Lagos.
Marisa, por sua vez, participou de
conversas com as primeiras-damas do México e do Peru.
Tanto Marta Sahagún Fox
quanto Eliane Karp de Toledo já
foram apelidadas em seus países
de "El Chefona", por suas supostas influências nos governos dos
seus respectivos maridos. "Não
mandamos neles, mas temos de
orientá-los", disse Marta Fox em
entrevista a um jornal peruano.
O presidente argentino, Eduardo Duhalde, que também jantaria
com Lula, cancelou sua visita ao
Peru, assim como outros sete presidentes da América Latina e do
Caribe.
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