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MP antiinvasão será ignorada, diz secretário
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal não vai cumprir a determinação da medida
provisória 2.183 que exclui invasores de terra dos programas oficiais de reforma agrária.
O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento
Agrário, Guilherme Cassel, 44,
disse ontem que a pasta possui
outro foco de atuação: "O público
prioritário está acampado. Não
cabe a nós [do governo] excluir
trabalhadores. A nossa função é
fazer a reforma agrária".
As declarações ocorrem em um
momento de recrudescimento
das invasões do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra), em especial em Pernambuco, Alagoas e Mato Grosso.
O secretário-executivo explicou
que a atitude tomada se baseia em
um "entendimento" da equipe
petista sobre o texto da MP.
A missão do ministério, segundo Cassel, seria vistoriar terras,
desapropriar áreas improdutivas
e "fazer com que os trabalhadores
produzam em paz".
A frase do secretário não é o primeiro aceno do governo Lula no
sentido de não cumprir a MP. Em
fevereiro, uma lista de 25 trabalhadores rurais, que haviam sido
excluídos da reforma agrária por
causa de invasões, foi retirada da
página do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária) na internet.
Anteontem, questionado pela
Folha o Incra informou que não
tinha estrutura para fiscalizar as
invasões. Segundo o órgão, os fazendeiros deveriam informar os
nomes dos invasores. Cassel integra a Democracia Socialista, tendência petista próxima ao MST.
O secretário disse ainda que reforma agrária de Lula está sendo
feita em um "ritmo normal de início de governo". Desde janeiro,
foram assentadas cerca de 7.900
famílias. A meta do Incra é assentar 60 mil famílias até dezembro.
Grande parte dos assentamentos só deve ocorrer em novembro,
segundo ele. Isso porque o governo, nos primeiros meses, ainda
está levantando as áreas disponíveis. Outra aposta do governo é
sensibilizar presidentes dos tribunais de Justiça estaduais para que
haja maior rapidez no julgamento
de desapropriações de terra.
Segundo Cassel, foi criada uma
mesa permanente de negociações
no local com representantes do
Ministério Público, proprietários
e governos estadual e federal.
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