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Começa julgamento de crime de 85
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
Os dois fazendeiros acusados de
serem os mandantes do assassinato do sindicalista João Canuto
Oliveira, em 18 de dezembro de
1985, em Rio Maria, sudeste do
Pará, negaram envolvimento no
caso no primeiro dia do julgamento, ontem, no Tribunal de
Justiça do Pará, em Belém.
Os fazendeiros Vantuir Gonçalves de Paula e Adilson Carvalho
Laranjeira, prefeito de Rio Maria
na época, foram denunciados pelo Ministério Público do Estado
por crime de homicídio culposo
qualificado, e podem pegar de 12 a
30 anos de prisão.
O crime teve repercussão internacional. A demora no julgamento -quase 18 anos- levou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) a
condenar o Brasil pela primeira
vez, em 1999.
Pelo menos 500 pessoas ligadas
a movimentos sociais e de direitos
humanos acamparam pela manhã em frente ao Tribunal de Justiça. Houve um protesto contra a
violência no campo com participação de artistas, que acompanharam o julgamento como representantes do Movimento Humanos Direitos.
Toda a família de Canuto estava
no tribunal. "Ainda resta encontrar os outros mandantes, os intermediários e os dois pistoleiros
do crime. Mas espero que seja feita Justiça e que eles [fazendeiros]
sejam condenados", disse a filha
do sindicalista, Luzia Canuto.
Em 1990, três filhos do sindicalista foram sequestrados e dois
deles foram assassinados. O sucessor de Oliveira como presidente do sindicato, Expedito Ribeiro
de Souza, foi assassinado em fevereiro de 1991 e o sucessor de Expedito, Carlos Cabral Pereira, genro
de Oliveira, foi baleado e ferido,
um mês depois. O diretor do sindicato, Braz de Oliveira, foi também assassinado em 1990.
O advogado dos fazendeiros,
Sílvio Souza, defende a tese de que
não há provas que envolvam os
acusados no crime.
Até as 19h, três testemunhas de
acusação haviam prestado depoimento e confirmado a participação dos fazendeiros no caso. A
previsão é de que a sentença saia
na madrugada de amanhã.
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