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CASO SILVEIRINHA
Sem dinheiro para operação, auditores deixam Estado hoje
Investigação sobre fiscais pára por falta de verbas
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
A investigação da Corregedoria
da Receita Federal sobre o "propinoduto" -o suposto esquema de
corrupção envolvendo fiscais e
auditores do Rio- será interrompida hoje por falta de verbas.
A Corregedoria recebeu um aviso da própria Receita informando
que não há dinheiro para diárias e
passagens da equipe deslocada
para o Rio para investigar o caso.
Sem diárias e sem passagens, quatro auditores terão de deixar o Estado hoje.
A equipe da Corregedoria investiga fiscalizações feitas pelos
auditores suspeitos. Um relatório
parcial, elaborado pelos técnicos e
entregue à PF (Polícia Federal),
apontou fraudes superiores a R$
20 milhões em fiscalizações.
Os fiscais e auditores são suspeitos de enviar ilegalmente para
contas bancárias na Suíça pelo
menos US$ 33,4 milhões. Oito estão presos desde 15 de abril.
O corregedor da Receita, Moacir Leão, confirmou ter recebido o
aviso sobre a falta de verbas para
diárias e passagens aéreas. Disse
que não comentaria o mérito da
medida, por se tratar de uma decisão de governo.
Leão afirmou que pediu providências urgentes para resolver o
problema, pois, sem dinheiro,
membros de sua equipe deslocados para o Rio e Brasília terão de
voltar aos postos de origem, podendo acarretar prejuízo nos trabalhos.
A assessoria da Receita em Brasília informou que, além do corregedor, ninguém mais se pronunciaria sobre o caso.
Imposto parcelado
O auditor federal Sergio Jacome
de Lucena -o único dos investigados que assume ter conta na
Suíça, com US$ 317,8 mil- retificou suas declarações de renda na
Receita e apresentou uma proposta de parcelamento do imposto devido: 60 prestações de R$
3.621,00.
O advogado José Carlos Tórtima disse que, como não há ação
fiscal da Receita contra o cliente, a
retificação é considerada "espontânea" e, nesses casos, o pedido de
parcelamento costuma ser aceito.
"Para efeitos tributários, foi
uma retificação espontânea. O
parcelamento é de direito", afirmou. Segundo ele, o cliente também informou, nas declarações
corrigidas, a origem do dinheiro
na Suíça: uma poupança em dólar. A retificação espontânea foi
feita, porém, depois que Lucena e
os demais suspeitos começaram a
ser investigados.
Quando alguém retifica espontaneamente a declaração, paga,
além do imposto, multa de 20%.
Se a retificação ocorre por determinação da Receita, a multa sobe
para 75% -podendo cair pela
metade se o contribuinte não recorrer. Se constatada fraude, a
multa é de 150%, também caindo
pela metade se paga sem contestação.
Ao retificar a declaração, Lucena tenta não só reduzir a multa
mas também eliminar a acusação
de sonegação fiscal, pela qual foi
indiciado na PF.
O Ministério Público Federal está preparando a denúncia contra
os fiscais e auditores. Novas prisões podem ser pedidas.
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