São Paulo, domingo, 23 de maio de 2004

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DATAFOLHA

Eleitor diz que apoio de Lula não vale muito na escolha

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em Brasília, o maior desejo dos partidos de oposição é nacionalizar algumas campanhas eleitorais nas grandes cidades.
Acredita-se que as dificuldades econômicas atuais, mais agudas em regiões urbanas, possam ajudar a derrotar candidatos do PT nos municípios de maior porte.
A eleição paulistana seria o grande exemplo de eleição nacionalizada, com um ex-candidato a presidente na disputa.
O eleitorado ouvido na pesquisa Datafolha, no entanto, emitiu um sinal que pode ir no sentido oposto ao que desejam os partidos de oposição ao governo.
Na cidade de São Paulo, segundo o Datafolha, tem pouco valor o apoio a um candidato a prefeito por parte do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ou do governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB).
Para 61% dos eleitores paulistanos, não faz diferença se Lula der apoio pessoal a um candidato a prefeito paulistano.
Não mudam de opinião por causa disso. E esse percentual aumentou: em março era de 56%.
No caso de Geraldo Alckmin, 54% dizem que não se importam se o governador paulista sair em campanha a favor de um candidato. Também aqui houve aumento em relação a março, quando o percentual havia sido de 49%.
Como a disputa está fragmentada, o apoio de Lula ou de Alckmin talvez tenha efeito para dar alguns pontos a mais para esse ou aquele candidato passar ao segundo turno das eleições municipais.

Apoio do Lula
Por exemplo, o apoio do governador a um candidato a prefeito em outubro poderia levar 27% dos eleitores da cidade de São Paulo a votar nesse candidato, segundo o Datafolha -o percentual era 33% em março.
Com Lula ocorre algo parecido. Hoje, 12% dizem que podem levar em conta um apoio do presidente para escolher o candidato a prefeito de São Paulo.
Assim como ocorre com o governador Alckmin, a influência do presidente Lula já foi maior, de 19% em outubro de 2003, tendo caído para 14% em março.
Não votariam em um candidato apoiado pelo presidente Lula 23% (eram 26% na última pesquisa). Não votariam em um candidato apoiado por Alckmin 14% -eram 15% em março.
Entre os eleitores que têm o PT como partido de preferência, 65% afirmaram que o apoio de Lula a um candidato é indiferente. Neste mesmo grupo, 25% disseram que a indicação do presidente poderia levá-los a votar no candidato.

TV terá efeito grande
Para o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, o que pode fazer diferença daqui para a frente nesta campanha é o início da propaganda eleitoral gratuita -que vai de 6 de julho a 30 de setembro.
"Como os atributos pessoais são mais valorizados pelos eleitor do que os programas de governo e as propostas, é possível que quando comece a propaganda de TV isso beneficie os candidatos mais carismáticos. Nessa categoria, em tese, encaixam-se Marta, Maluf e Luiza Erundina", diz Mauro Paulino, diretor do Datafolha.
O diretor do instituto avalia ainda que Marta tenderá a diminuir sua taxa de rejeição com a propaganda de TV. O mesmo não poderia ser dito de Paulo Maluf, por causa das acusações que o candidato enfrenta.
"Mas ambos estão numa situação em que parecem ter um eleitorado cativo, sem muito espaço para crescer neste momento", acrescenta. "É Serra que sempre herda mais votos quando a pesquisa retira algum candidato da cartela", completa Paulino.
A quarta colocada, Luiza Erundina, poderia correr por fora. "Mas sua taxa de rejeição é mais do que o dobro da de Serra. Hoje, o tucano está em uma posição bem mais confortável que todos os outros candidatos", disse o diretor do Datafolha.
(FERNANDO RODRIGUES)


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