São Paulo, domingo, 23 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Chineses só fecham negócios após longo tempo de relacionamento

DO ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM

Apesar da expectativa dos empresários brasileiros, não é fácil fazer negócios na China: os chineses só fecham acordos após longos relacionamentos com o interlocutor, até que tenham total confiança na viabilidade do negócio.
Não se deve esperar negócios vultosos nesta viagem: aqueles que serão celebrados nesta semana, como os da Vale do Rio Doce, já estavam sendo costurados bem antes. "A paciência é a alma do negócio na China", diz Renato Amorim, secretário executivo da Câmara de Comércio Brasil-China e ex-diretor da Vale na China.
Os chineses fazem a mesma pergunta umas 300 vezes, como se quisessem testar o interlocutor. Nunca promovem uma reunião de trabalho numa mesa de almoço ou de jantar. Nunca falam "não". No máximo, "pode ser".
Sabendo disso, Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do grupo Gerdau que negocia há 25 anos com a China, preferiu não fazer parte da missão que acompanha Lula. Gerdau viajou para a Alemanha a negócios. "Se fosse à China seria para fazer relações públicas." Segundo Gerdau, ele tem uma relação muito próxima com os chineses, o que facilita as negociações: "Eles vão com freqüência jantar na minha casa".
Mas não é só a necessidade de confiança que faz do chinês um "osso duro de roer" nos negócios. A China sabe que, com um contingente de 1,3 bilhão de consumidores e com taxas de crescimento de 9,7% ao ano, é o país mais cobiçado do mundo. Para fechar qualquer negócio, a China exige fortes cláusulas sociais que garantam mais empregos. É comum para uma empresa se instalar na China que o governo exija a contratação de um número muito maior de empregados. O Banco da China, estatal, possui cerca de 500 mil funcionários, quando poderia funcionar com menos. (GB)


Texto Anterior: Viagem ao Oriente: Empresas fecharão negócios de US$ 3 bi
Próximo Texto: Churrascarias já se espalham pela China
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.