São Paulo, Domingo, 23 de Maio de 1999
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PAINEL
Impasse collorido

Os cerimoniais do Planalto e do Supremo batem cabeça. FHC vai à posse de Carlos Velloso, novo presidente do STF, mas não quer ficar ao lado de Collor. "Seria um constrangimento para o presidente", justificou Walter Pecli, chefe do cerimonial. O evento acontece na quinta.

Afasta de mim esse cálice

O Supremo colocou Collor entre ACM (Senado) e Temer (Câmara), no tablado onde ficarão as autoridades, a menos de dois metros de FHC. Collor confirmou presença na posse de Velloso, mas o Planalto quer movê-lo para bem longe do presidente.

Praça de guerra

A exemplo do que já aconteceu na convenção do PSDB, a segurança do Planalto quer instalar um detector de metais na entrada do STF, o que o tribunal não aceita. Atiradores de elites deverão ser postados nas imediações do prédio do Supremo. Um helicóptero sobrevoará o edifício.


Apagando incêndio

Mendonção e Armínio Fraga (Banco Central) conversaram longamente na última quinta. O ex-ministro disse que nem ele nem o PSDB, incluídos aí Serra (Saúde) e Covas (SP), discordam do que está sendo feito no BC.

Agora vai

Em vez de atacar Malan (Fazenda), o PSDB decidiu "adotar" Celso Lafer (Desenvolvimento), que os tucanos sempre quiseram ver pelas costas. Vale o que FHC disse sobre Chico Lopes: quem não tem cão caça com gato.

Viúvas de Getúlio

O que doeu nos ""desenvolvimentistas" (a turma do PSDB capitaneada por Mendonção e Serra) foi Malan ter dito que eles têm a cabeça nos anos 50, quando o Estado era considerado o grande motor da economia.

Que recompensa!

Uma semana depois de ter dado apoio incondicional a FHC, Covas viu o presidente nomear o vice de Maluf na eleição paulista de 98, Luiz Carlos Santos (PFL), para Furnas. O governador paulista ficou bastante contrariado.

Moral baixa

A Executiva do PPB deve almoçar com FHC na quarta. Não se sabe se estará presente Maluf, que desancou o presidente em programa de tevê da sigla. Se for, fica chato. Se não for, revela desprestígio. O partido de Maluf o criticou pelo ataque ao Planalto.

Aliado do Planalto

Os subordinados imediatos do novo secretário da Fazenda de Minas, Trópias Reis, são ligados a Newton Cardoso. Newtão bombardeava o antecessor, Dupeyrat, que estimulava Itamar a se confrontar com o presidente.

FHC foi realmente longe!

O presidente escreveu o prefácio do livro de Inocêncio (PE), líder na Câmara, sobre o social-liberalismo. No texto, fala da "aclimatação" do liberalismo ao Brasil. E diz que conhece muitos líderes bons no Congresso, mas nenhum melhor que o pefelista.

Oportunidade de negócio

A decisão da CPI dos Bancos de contratar uma empresa para rastrear contas de suspeitos agitou o mercado de investigações financeiras. Além da Kroll, que trabalhou na CPI de Collor, a companhia GBE-DSFX também está de olho no serviço.

De cima pra baixo

Os secretários estaduais e municipais de Saúde cancelaram uma reunião com o Ministério da Saúde, na quarta passada. A queixa: acham-se atropelados pelo ministério, que decide sem consultá-los, o que prejudicaria a administração do SUS.

Basta uma vez

Convidado pelo governador Zeca do PT a conhecer a cidade de Bonito, Padilha (Transportes), que estava no MS a trabalho, desconversou: ""Virei em outra oportunidade, quando não estiver com avião da FAB".

Ah, bom

A assessoria do governador José Ignácio Ferreira (PSDB-ES) afirma que não é verdade, como disse o deputado tucano Ricardo Ferraço, que há 4 folhas de pagamento em atraso. São só 3, que foram deixadas pelo governador anterior, Vitor Buaiz (PV).
TIROTEIO
Do líder do PMDB na Câmara, Geddel Lima (BA), sobre o PSDB reclamar que o tucano Pimenta (Comunicações), coordenador político do governo, não foi chamado a uma reunião de caciques peemedebistas com FHC:
- Se o Pimenta estivesse lá, não apareceríamos de jeito nenhum. Nossa coordenação política é só com o presidente.

CONTRAPONTO
Melhor do que a encomenda
De partida para Londres, onde assumirá a embaixada brasileira, o ex-porta-voz Sergio Amaral foi ao Alvorada se despedir de FHC.
Encontrou lá o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), que se queixava ao presidente de um sujeito de São João del Rey (MG) que costuma se passar por ele para conversar com autoridades.
FHC disse que há muitos anos teve um problema parecido.
- E como o sr. resolveu? - perguntou Aécio.
- Eu processei - respondeu.
Aécio gostou da idéia, mas Sergio Amaral logo interveio na conversa:
- Se eu fosse você, Aécio, em vez de processar contratava esse sujeito.
O deputado ficou intrigado:
- Ué, por quê?!
Explicação de Sergio Amaral:
- Porque há uma semana esse sujeito conversou comigo como se fosse você. Olha, ele até me deu algumas boas sugestões para melhorar a comunicação do governo!


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