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PLANALTO
Para conter vazamentos, FHC nomeará na terça grupo que acompanhará comportamento de 800 funcionários
Cúpula do governo terá código de ética
MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília
Com o desafio de tentar impedir
o vazamento de informações privilegiadas, o presidente Fernando
Henrique Cardoso já convidou o
advogado João Geraldo Piquet
Carneiro para comandar o novo
comitê de ética do governo.
O grupo ficará encarregado de
observar o comportamento de cerca de 800 funcionários da cúpula
da administração, inclusive do
próprio presidente.
O comitê, a ser criado por decreto provavelmente na próxima terça-feira, fará a redação final do código de ética do funcionalismo.
A última versão do código de ética proíbe que as autoridades recebam presentes com valores acima
de R$ 200.
A tarefa mais complicada do código é tratar do vazamento de informações privilegiadas.
A principal regra prevista na última versão do código determina
que conversas de autoridades que
envolvam conflitos de interesse
devam ser registradas.
A exigência não alcança conversas telefônicas ou encontros realizados fora do horário do expediente, afirmou a secretária de Gestão
do Ministério do Orçamento, Ceres Prates.
Transparência
Ceres Prates disse que não há como impedir completamente o uso
indevido de informações de governo. A saída foi dar a maior transparência possível aos contatos entre
autoridades e pessoas de fora do
governo.
A regra terá exceções. O presidente da República, por exemplo,
tem encontros reservados que não
ficarão submetidos a registro.
No capítulo sobre vazamento de
informações privilegiadas, os estudos descartaram a adoção generalizada do mecanismo da quarentena, que determina um período de
afastamento da iniciativa privada
depois da passagem por cargos públicos.
Além de impor custo aos cofres
públicos, já que a quarentena é remunerada, o mecanismo não é
considerado eficiente.
Um ex-funcionário público não
precisa estar vinculado a uma instituição privada para passar informações privilegiadas de governo.
A quarentena deverá ficar restrita aos dirigentes do Banco Central,
conforme determina projeto de lei
em votação na Câmara, e aos comandantes das agências nacionais
do petróleo, de energia elétrica e de
telecomunicações.
Adesão
Já está certo que o código de ética
funcionará como um contrato de
adesão. Ou seja, os dirigentes de
órgãos públicos deverão assumir o
compromisso de seguir as orientações fixadas pelo código.
O código valerá para os ocupantes de todos os cargos cujas nomeações dependem diretamente
da assinatura do presidente da República e que têm os mais altos salários da administração, como ministros, secretários-executivos e
dirigentes de empresas estatais.
Exoneração
A adesão ao código é uma exigência para os integrantes da cúpula da administração. E quem
contrariar dispositivos do código
pode ser exonerado.
O afastamento do cargo é a punição máxima prevista no código,
mas não impede que determinado
funcionário também seja processado caso sua falta seja considerada um crime.
Inicialmente, a obediência ao código ficará restrita aos dirigentes
da administração pública.
O universo foi reduzido intencionalmente para permitir a vigilância das regras. ""São os dirigentes que têm de dar o exemplo", disse Ceres Prates.
Notáveis
O comitê de ética do governo terá
seis integrantes com notório conhecimento jurídico. Além de Piquet Carneiro, ex-professor da
PUC do Rio de Janeiro e da Fundação Getúlio Vargas, FHC já convidou advogado Célio Borja, ex-ministro da Justiça no governo Collor, e Lourdes Solla.
Também estavam na lista de nove pessoas levada a Fernando Henrique os nomes do advogado Miguel Reali Júnior, do ex-presidente
do Supremo Tribunal Federal Xavier de Albuquerque e do ex-ministro do Tribunal de Contas da
União Luciano Brandão.
Piquet Carneiro integra o Conselho de Reforma do Estado, que entregou a FHC no final do ano passado a primeira versão do código
de ética.
Pressionado por denúncias de
vazamento de informações privilegiadas, em apuração na CPI dos
Bancos, e pelo polêmico uso de jatinhos da FAB por autoridades em
viagens para Fernando de Noronha, o presidente determinou
pressa na conclusão do código.
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