São Paulo, Domingo, 23 de Maio de 1999
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Índios falam em "conspiração"

do enviado a Itabuna (BA)

Não há indício de que a esterilização de mulheres pataxós esteja ligada a uma conspiração para a imediata apropriação de terras indígenas. Entre as lideranças indígenas, no entanto, o raciocínio está sempre presente.
Em 1995, a Funai recenseou em todo o país 325 mil índios. Cerca de 8.500 estavam na Bahia. Os pataxós hã-hã-hãe, que em 1982 ocupavam apenas duas áreas com um total de 38 hectares, dispõem hoje de 3.143 hectares. Foram beneficiados por sentenças judiciais que reconheceram seus direitos.
Os pataxós ocupavam nos anos 20 cerca 100.000 hectares, entregues pelo governo da Bahia. Na década seguinte, a área foi reduzida pela metade em demarcação da União, feita pelo então SPI (Serviço de Proteção ao Índio).
O estudo mais completo sobre a política indigenista na região foi feito em 1976 pela antropóloga Maria Hilda Baqueiro Paraíso, a partir de convênio da Funai com a Universidade Federal da Bahia.
É uma história que data do século 17. As terras dos hã-hã-hãe foram reduzidas nos últimos 60 anos por oito grandes invasões, uma delas, nos anos 50, comandada por um grileiro. Nos anos 60, o índio passou a ser sustentado pelo arrendamento, praticado pelo governo, de terras demarcadas.
Mas bastava reajustar o aluguel das terras abaixo da taxa de inflação para que se reduzisse o contingente de índios protegidos. Em 1969, restou sob esse estatuto um grupo de cinco pataxós.


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