São Paulo, quarta-feira, 23 de junho de 2004

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INVESTIGAÇÃO

Pedido será enviado a Londres e Luxemburgo; ex-prefeito nega ter contas

Juíza manda quebrar sigilo de Maluf

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A juíza da 4ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, Renata Coelho Okida, determinou ontem o envio de um pedido de quebra de sigilo e de bloqueio de eventuais contas atribuídas ao ex-prefeito Paulo Maluf (PP) ou aos familiares dele em Londres e no paraíso fiscal de Luxemburgo.
A juíza baseou-se em dois documentos para autorizar a quebra. Um deles é justamente a polêmica carta atribuída à Maluf na qual pede-se a transferência do saldo total da conta da White Gold, na Suíça, para uma outra em nome da Durant International, Londres.
A fundação White Gold, segundo os papéis enviados pela Suíça, tinha Maluf como beneficiário.
O ex-prefeito, que disse não ter escrito a carta, apresentou ontem dois laudos periciais que atestam que a letra não é dele. Quanto à assinatura, similar à de Maluf, os peritos informam ser impossível confirmar a autenticidade em uma fotocópia -o original está no banco UBS de Zurique. O perito Celso Del Picchia anexou oito cartas iguais, só que assinadas por personalidades, como os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Arthur Bernardes.
O diretor de comunicação da UBS de Zurique, Rudolf Buirgien, disse que os papéis fornecidos pelo banco são verdadeiros e que é "ridícula" a afirmação de que a carta é falsa, segundo entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo.
A informação sobre uma eventual conta em Luxemburgo foi fornecida pelo Coaf, órgão federal encarregado de investigar lavagem de dinheiro, há cerca de dois meses. Luxemburgo informou que a mulher de Maluf, Sylvia, fez movimentações financeiras naquele país.
As cartas rogatórias internacionais (pedidos) serão enviados por meio do Ministério da Justiça e das Relações Exteriores do Brasil. A decisão final caberá às autoridades de Londres e de Luxemburgo.
Além da Suíça, da Inglaterra e de Luxemburgo, a Justiça brasileira já encaminhou pedidos de colaboração internacional aos EUA, à ilha de Jersey e à França.
Maluf sempre negou possuir contas fora do Brasil e disse que as acusações são políticas -ele é candidato à Prefeitura de São Paulo. O assessor de imprensa Adilson Laranjeira afirmou ontem que a decisão judicial é "uma armação política do desocupado promotor Sílvio Marques". Marques, um dos responsáveis pelo caso, disse que não irá polemizar com o ex-prefeito.


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