São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 2005

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AMAZÔNIA ILEGAL

Hummel foi preso a pedido de procurador e foi solto sem ser indiciado

Diretor do Ibama diz que processará Procuradoria

Reprodução de TV/Agência O Globo
Vista aérea de plantação em região de floresta amazônica, na cidade de Querência, Mato Grosso do Sul


HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTARÉM (PA)

Preso no último dia 2 deste mês sob a acusação de apoiar um esquema de desmatamento ilegal na Amazônia -e solto cinco dias depois sem ser indiciado pela Polícia Federal-, o diretor de Florestas do Ibama, Antônio Carlos Hummel, que está afastado, disse que vai entrar na Justiça contra o Ministério Público Federal, que o acusou do crime.
"Os advogados estão avaliando quais ações serão tomadas, porque a minha moral foi totalmente agredida", disse. Contando da data em que foi preso, Hummel ficará afastado por 60 dias da diretoria do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Ele defende a medida de afastamento como forma de cautela da direção.
Carlos Hummel, 50, disse que perdeu dinheiro. Gastou cerca de R$ 8.000 com advogados e viagem de volta a Brasília. Preso pela PF na Operação Curupira, contra o desmatamento ilegal, no dia 2, o diretor foi levado de avião pelos policiais a Cuiabá (MT).
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse anteontem que a PF, por não ter provas do envolvimento de Hummel no esquema em Mato Grosso, Pará e Rondônia, não concordou em incluir o nome do servidor na lista de presos. No entanto o procurador da República em Cuiabá Mário Lúcio Avelar pediu a prisão. À Folha a ministra afirmou que uma comissão de sindicância do Ibama aguarda o relatório de Avelar para anexar à investigação.
Funcionário de carreira do Ibama, Hummel assumiu a diretoria de Florestas em fevereiro de 2003. "Eu conheço o dr. Hummel há 23 anos. Ele foi convidado [a assumir o cargo] por mim, é a única pessoa do meu Estado [Amazonas] e é a pessoa que mais combateu todo tipo de distorção em relação ao manejo florestal", afirmou o presidente do Ibama, Marcus Barros.
A quadrilha desmantelada na operação da PF foi responsável pela derrubada de cerca de 2,5 milhões de m3 de madeira em Mato Grosso e no Pará. Isso é o equivalente a 83 mil caminhões com a carga avaliada em quase R$ 1 bilhão. A PF indiciou 90 pessoas.


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