São Paulo, domingo, 23 de julho de 2000 |
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PAINEL Missão secreta Semanas antes de eclodir o escândalo Eduardo Jorge, o ex-secretário-geral da Presidência foi incumbido por FHC de uma tarefa estratégica: começar a articular a candidatura do governador Tasso Jereissati (CE) para a sucessão presidencial de 2002. Entre quatro paredes Eduardo Jorge, que, mesmo depois de deixar o governo, mantinha relações próximas com FHC, esteve a sós com o presidente no último dia 28 de maio. Passaram a tarde de domingo juntos no Alvorada. FHC já tinha a alternativa Tasso amadurecida na sua cabeça. Agenda da sucessão No dia 8 de julho, sábado, FHC recebeu Mário Covas no almoço e Roseana Sarney no jantar. Na terça, dia 11, foi a vez de Tasso Jereissati visitar o presidente. Os três encontros, definidos como "políticos", tinham um alvo: a sucessão de 2002. Covas reafirmou que não será candidato e Roseana saiu do Alvorada deixando a impressão que adoraria ser vice em eventual aliança. Utopia do possível Em ambiente fechado, FHC explicou recentemente por que considera Tasso, entre os nomes disponíveis, o candidato mais viável para sucedê-lo: tem bom trânsito no empresariado, teria o apoio de Mário Covas, agradaria o PFL e, xeque-mate, seria o único dos tucanos capaz de esvaziar a alternativa Ciro (PPS). Sagrada aliança Apesar de insistir que não disputaria a sucessão com Ciro, Tasso, na avaliação do Planalto, ainda pode ser convencido a mudar de opinião. FHC tem convicção de que, se houver um empenho conjunto que vá de Serra a ACM, na hora certa o cearense aceita, sim, a missão. Sozinho no mundo Eduardo Jorge disse a interlocutores de FHC que está "magoado" com o presidente. Chorando, afirmou que nunca fez nada visando prejudicar o amigo de tantos anos e sugeriu que sua fidelidade ao chefe sempre foi "mais que canina". FHC não o defendeu como esperava. Pote de mágoas Ex-braço-direito de FHC, EJ disse a interlocutores que já vira o presidente abandonar velhos companheiros em momentos difíceis. E agregou: "Nunca imaginei que ocorreria comigo". Novelo sem fim O Ministério Público Federal ampliou o raio da investigação sobre Eduardo Jorge. Agora, os procuradores se debruçam sobre a participação do ex-ministro de FHC na operação de salvamento da Encol, construtora que acabou falindo, lesando mais de 42 mil mutuários. Dentro do Planalto No exercício da Secretaria Geral da Presidência, EJ recebeu Pedro Paulo de Souza, o dono da Encol, pelo menos oito vezes. Da primeira vez, na presença de FHC. Nos encontros seguintes, indicou instituições que poderiam ajudar o empresário na operação de salvamento. Notas taquigráficas Do dono da Encol, Pedro Paulo de Souza, na CPI dos Bancos: "Eu procurei o senhor excelentíssimo presidente da República. Ele estava com Eduardo Jorge. A partir desse momento só estive com Eduardo Jorge". Laços de família Após idas e vindas, a Encol acabou sob a intervenção de Jorge Washington Queiroz, concunhado de EJ. O próprio Pedro Paulo escolheu o nome numa lista tríplice imposta pelo BB, segundo disse à CPI dos Bancos. Mais tarde, sentiu-se ludibriado. Descobriu que Queiroz seria um nome "plantado" na lista. Pegadas recentes A CPI dos Bancos, que investigou o caso Encol, é a nova trilha dos procuradores, que apuram evidências da participação do escritório de advocacia de irmãos de EJ na operação. Ao final, o próprio Queiroz teve problemas com a Justiça. Dirigindo a empresa quando a ruína da Encol já era pública, Queiroz ainda recebeu R$ 4,3 mi do BB. TIROTEIO De Walter Pinheiro (PT-BA), sobre a CEF ter avaliado a obra do TRT-SP em R$ 17 mi, quando foram desviados R$ 169,5 mi: - Finalmente, acabou a máxima de que em obra pública a margem é de 10%. CONTRAPONTO Fenômeno parisiense
Em um dos intervalos da programação em Moçambique, na
semana passada, FHC encontrou-se com o primeiro-ministro português António Guterres.
Em dado momento, o Rio Grande do Sul virou o tema da conversa. FHC disse: |
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