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GOVERNO
Ministro da Justiça, porém, afirma lembrar-se "muito pouco" do ex-colega de faculdade, cuja captura comanda
Gregori se formou na mesma turma que ex-juiz Nicolau
FLÁVIA DE LEON
DA REPORTAGEM LOCAL
O álbum de formatura da turma
da Faculdade de Direito de São
Paulo que colou grau em 24 de janeiro de 1955 mostra dois bacharéis que hoje têm interesses totalmente opostos: o ministro da Justiça, José Gregori, e o ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, foragido da
Justiça.
A relação de formandos consta
do 3º volume do livro que relaciona os estudantes do Largo São
Francisco de 1935 a 1960. Gregori,
porém, afirma lembrar-se "muito
pouco" do ex-colega, cuja captura
comanda.
"Eu me lembro que ele tinha um
carro bonito. Naquele tempo
quem tinha carro era um camarada diferenciado. E ele veio transferido de Niterói (RJ) para cá, e a
gente tinha muito preconceito de
quem vinha de Niterói", contou.
Segundo Gregori, eles não chegaram a conviver. "Ele era meio
boêmio, e eu era muito político. A
faixa de ondas, as praias eram totalmente diferentes."
O ministro disse não recordar
ao menos quem eram os amigos
do ex-juiz na faculdade.
"Se é que tinha alguém assim
mais conhecido, perdeu-se no
tempo. Ele era um cara muito
simpaticão. Mas eu fazia o (turno)
diurno, e ele fazia o noturno. Mas
a diferença é que minha preocupação era eminentemente política, eu era meio fundamentalista
na época", disse.
O ministro afirmou que o ex-juiz nunca o procurou para pedir
favores no governo, nem mesmo
quando foi nomeado chefe de gabinete de Marcílio Marques Moreira, então ministro da Fazenda
do governo Collor (1990-1992).
Gregori assumiu o cargo um
mês antes de Marcílio começar a
liberação de verbas para a construção do fórum. Ao todo, Marcílio autorizou o pagamento de oito
ordens bancárias para a construção, no valor atualizado pela CPI
do Judiciário em US$ 21,6 milhões.
A primeira parcela liberada, em
abril de 1992, foi a mais contestada pelo Tribunal de Contas da
União, pois referia-se à compra
de um terreno que não foi registrado em nome da União, mas das
empresas de Fábio Monteiro de
Barros Filho.
"Em 45 anos, se eu encontrei
com ele umas quatro vezes, foram
em eventos de homenagem a colegas que iam se distinguindo,
principalmente na área do trabalho. Nunca mais vi o tal do Nicolau", disse.
Gregori afirmou também que,
na época em que assessorava
Marcílio, o ex-juiz nunca telefonou para pedir audiência, tampouco esteve no ministério.
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