São Paulo, domingo, 23 de julho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GOVERNO
Ministro da Justiça, porém, afirma lembrar-se "muito pouco" do ex-colega de faculdade, cuja captura comanda
Gregori se formou na mesma turma que ex-juiz Nicolau

FLÁVIA DE LEON
DA REPORTAGEM LOCAL

O álbum de formatura da turma da Faculdade de Direito de São Paulo que colou grau em 24 de janeiro de 1955 mostra dois bacharéis que hoje têm interesses totalmente opostos: o ministro da Justiça, José Gregori, e o ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, foragido da Justiça.
A relação de formandos consta do 3º volume do livro que relaciona os estudantes do Largo São Francisco de 1935 a 1960. Gregori, porém, afirma lembrar-se "muito pouco" do ex-colega, cuja captura comanda.
"Eu me lembro que ele tinha um carro bonito. Naquele tempo quem tinha carro era um camarada diferenciado. E ele veio transferido de Niterói (RJ) para cá, e a gente tinha muito preconceito de quem vinha de Niterói", contou.
Segundo Gregori, eles não chegaram a conviver. "Ele era meio boêmio, e eu era muito político. A faixa de ondas, as praias eram totalmente diferentes."
O ministro disse não recordar ao menos quem eram os amigos do ex-juiz na faculdade.
"Se é que tinha alguém assim mais conhecido, perdeu-se no tempo. Ele era um cara muito simpaticão. Mas eu fazia o (turno) diurno, e ele fazia o noturno. Mas a diferença é que minha preocupação era eminentemente política, eu era meio fundamentalista na época", disse.
O ministro afirmou que o ex-juiz nunca o procurou para pedir favores no governo, nem mesmo quando foi nomeado chefe de gabinete de Marcílio Marques Moreira, então ministro da Fazenda do governo Collor (1990-1992).
Gregori assumiu o cargo um mês antes de Marcílio começar a liberação de verbas para a construção do fórum. Ao todo, Marcílio autorizou o pagamento de oito ordens bancárias para a construção, no valor atualizado pela CPI do Judiciário em US$ 21,6 milhões.
A primeira parcela liberada, em abril de 1992, foi a mais contestada pelo Tribunal de Contas da União, pois referia-se à compra de um terreno que não foi registrado em nome da União, mas das empresas de Fábio Monteiro de Barros Filho.
"Em 45 anos, se eu encontrei com ele umas quatro vezes, foram em eventos de homenagem a colegas que iam se distinguindo, principalmente na área do trabalho. Nunca mais vi o tal do Nicolau", disse.
Gregori afirmou também que, na época em que assessorava Marcílio, o ex-juiz nunca telefonou para pedir audiência, tampouco esteve no ministério.


Texto Anterior: No Planalto: Uma defesa de FHC
Próximo Texto: Grafite
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.