São Paulo, segunda-feira, 23 de julho de 2001

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ALIANÇA NO ESCURO
Governistas tentam criar agenda positiva, com votações

Oposição quer apurar caso "novo" de Jader no Senado

LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os blocos da oposição e do governo vão disputar o rumo das votações do Senado depois da licença do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) da presidência da Casa. A oposição insiste em manter no Senado a apuração de um caso "novo" de Jader, com suposta irregularidade cometida pelo paraense já como senador.
Há governistas querendo transferir a apuração para a Justiça e estabelecer uma agenda positiva, com votações que mostrem que o Senado está trabalhando.
A oposição decidiu que irá protocolar amanhã uma nova denúncia contra Jader no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.
A denúncia anterior se referia ao Banpará, caso do tempo em que Jader era governador. Na nova denúncia, a oposição pedirá que se apure se Jader mentiu no discurso no plenário do Senado em que explicou a compra da fazenda Chão Preto.
A negociação envolveu o empresário José Osmar Borges, amigo do senador e acusado de fraude contra a extinta Sudam.
Jader afirmou que a compra da Chão Preto estava registrada em declaração do Imposto de Renda da fazenda Rio Branco, de propriedade dele. Cópias das declarações da Rio Branco dos últimos cinco anos obtidas pela Folha não registram a transação.
Na mesma denúncia, a oposição vai pedir a investigação de uma gravação que envolveria Jader diretamente no esquema de fraudes da extinta Sudam. No diálogo, publicado no final de semana pela revista "IstoÉ", o deputado estadual Mário Frota (PDT-AM) diz que Jader teria pedido US$ 5 milhões para liberar financiamento.
A oposição também pretende discutir as denúncias contra Jader na reunião de líderes do Senado, marcada para a quarta-feira.
O presidente interino do Senado, Edison Lobão (PFL-MA), disse que os pedidos de investigação serão prontamente despachados, mas deixou claro que o objetivo da reunião de líderes não é tratar das denúncias contra Jader.
Ele informou que pediu um levantamento de projetos que deverão ter prioridade para votação. Citou como exemplos a reforma do Judiciário e a nova lei das sociedades anônimas.
No PMDB, a prioridade é encontrar um substituto de Jader na presidência do Senado que seja consenso no partido -que deve ir dividido para a convenção nacional de setembro. Há convicção de que Jader não retornará à presidência após a licença de 60 dias.
No PFL, a ordem é não interferir na provável substituição de Jader. Foram os ataques do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) à indicação de Jader no início do ano que causaram o estremecimento da base aliada do governo.


Colaborou a Reportagem Local



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