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São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2003

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CONFLITO AGRÁRIO

Trabalhadores invadiram Estação de Zootecnia em Colina

Confronto entre sem-terra e PM deixa dez feridos em SP

AFRA BALAZINA
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO

Pelo menos dez sem-terra ficaram feridos anteontem à noite em Colina (SP) durante um conflito envolvendo a Polícia Militar e famílias lideradas pela Feraesp (Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo) que invadiram uma área do governo do Estado. Três sem-terra foram presos e outros 27 foram detidos e depois liberados.
Os policiais lançaram bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral na tentativa de recuperar tratores levados da Estação Experimental de Zootecnia, invadida por volta das 19h30. O confronto entre cerca de 200 invasores e 30 PMs começou por volta das 22h, quando a PM chegou à estação.
Os invasores integram um grupo de 450 famílias que está acampado às margens de uma estrada vicinal em Colina. Eles deveriam sair do local ontem, mas ganharam mais dez dias para sair.
Segundo o delegado de Colina, Fernando César Galletti, os sem-terra serão indiciados por roubo qualificado (eles teriam levado R$ 72 do porteiro da fazenda), tentativa de furto qualificado (levar os tratores) e formação de quadrilha. Os sem-terra negam a acusação de que o porteiro teria sido agredido e roubado pelo grupo. Eles alegam que usariam os tratores da estação para preparar a terra, mas que os devolveriam após o uso.
"Jogamos gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral para inibir a agressão", disse Carlos Antonio Alves da Silva, comandante da PM em Barretos, cidade vizinha: "Isso é usado no mundo todo".
Não houve nenhum disparo de arma de fogo. Segundo a PM, os sem-terra estavam armados com facas e facões. De acordo com os sem-terra, dez pessoas do grupo ficaram feridas. Nenhum policial saiu machucado da operação.
"Jogaram bombas no meu carro, que estava com cinco pessoas, incluindo uma grávida. Tive cortes na perna, outro homem machucou a mão e uma mulher ficou ferida na boca", disse José Mário Cantisano, 37. Maria Alice da Silva, 49, mostrou manchas roxas nos braços e pernas: "Fui chutada. Puxaram meu cabelo, jogaram cachorro em cima da gente."


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