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Para vice de tribunal,
alteração livra governo
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O vice-presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), Humberto Souto, disse que o presidente FHC propôs mudanças no tribunal para indiretamente responsabilizar o órgão pela falta de controle sobre os desvios de recursos
e, assim, livrar o governo da suspeita de atuação omissa.
"As medidas para aprofundar o
combate à corrupção e aperfeiçoar o controle são fundamentais.
Discordo de incluir alterações no
TCU para dar a impressão de que
os problemas não seriam resolvidos com os ministros que estão
aqui."
Souto disse que o governo está
"preocupado em demonstrar à
nação que o Executivo não tem
nada a ver com os repasses de verbas para os demais Poderes" e que
estaria propondo alterações no
TCU neste momento para apresentá-las como uma das soluções
para eliminar os problemas de
controle de gastos.
Ele deu essas declarações em
reação à inclusão, no pacote de
medidas anunciado anteontem
por FHC, da proposta de emenda
constitucional que cria o mandato de seis anos para ministros do
TCU. Hoje, os nove membros do
tribunal têm cargo vitalício, ou seja, se aposentam compulsoriamente aos 70 anos de idade.
Souto disse que a independência estará comprometida. "Ao sair
do tribunal, o ministro vai precisar de um emprego. Assim, perde
a independência. Enquanto estiver no cargo, vai ficar mais preocupado em não desagradar uma
empreiteira ou o governo, porque
poderá precisar amanhã deles para trabalhar."
Emprego
Ele também afirmou: "Não vou
precisar de emprego de FHC nem
de empreiteira, quando sair daqui
(por ter o mandato vitalício)".
A emenda constitucional proposta pelo governo, no pacote,
também prevê quarentena para o
ingresso de políticos no TCU
-três meses para ministros de
Estado e uma legislatura (quatro
anos) para parlamentares.
Souto disse que FHC é político,
e que o ex-presidente do TRT-SP
Nicolau dos Santos Neto é magistrado, para sustentar a tese de que
a atuação política não pode desqualificar ninguém.
"O próprio presidente da República não é um técnico, é um homem advindo do Congresso. Ao
contrário, o "Lalau" não é um parlamentar e sim um magistrado."
O ministro também sustentou
não ter o "rabo preso" por ter sido
eleito para seis mandatos no Congresso. Souto foi líder do governo
na Câmara durante o governo
Collor e está no TCU desde 1995.
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