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PRESSÃO EM DECLÍNIO
Servidores terão abono e não sofrerão desconto no salário se voltarem ao trabalho em cinco dias
Governo faz concessão e INSS encerra greve
IURI DANTAS
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após o governo adotar duas
medidas para esvaziar a greve dos
servidores públicos, o ministro da
Previdência, Ricardo Berzoini,
anunciou ontem à noite o fim da
paralisação dos funcionários do
INSS. Com isso, o trabalho das
agências do Instituto Nacional do
Seguro Social deve voltar ao normal entre segunda e terça-feira.
Anteontem, o governo autorizou o Ministério da Previdência a
conceder aumento para funcionários do instituto e ontem baixou um decreto determinando
que não serão descontados os dias
parados de quem voltar ao trabalho em cinco dias. A paralisação
começou no dia 8 de julho.
Após acordo de última hora para a concessão de benefício aos
servidores do INSS, a CUT (Central Única dos Trabalhadores),
tradicional braço sindical do PT,
encerrou a greve de cerca de 80
mil servidores do instituto. Eles
protestavam contra a reforma da
Previdência e pela incorporação
de um plano de cargos e salários,
na forma de abono de 47,11%.
"Não é uma concessão aleatória
de reajuste salarial. A maior demonstração de que não é reajuste
aleatório, linear e politicamente
definido é que atinge somente os
que não recebem a verba [abono],
que são a maioria, mas há 20 mil
pessoas que não terão mudança",
disse o ministro da Previdência,
Ricardo Berzoini, na entrevista
em que anunciou o fim da greve.
Para o ministro, o acordo não
deve provocar reivindicações de
outras categorias por aumento.
"Apenas trabalhamos com a
perspectiva de cuidar daquilo que
outros governos não cuidaram. É
uma questão que se arrasta por 15
anos", afirmou Berzoini.
Com a decisão, a CUT consegue, ao mesmo tempo, acenar ao
governo com uma boa notícia e
provocar um racha no movimento grevista. A paralisação é comandada pela Cnesf (Coordenação Nacional de Entidades de Servidores Federais), composta por
11 entidades, sendo nove delas filiadas à CUT. A CNTSS (Confederação Nacional de Trabalhadores
em Seguridade Social), filiada à
CUT, comandou a negociação
com Berzoini.
"Depois da aprovação da reforma da Previdência em primeiro
turno, não há razão para continuarmos em greve", disse Denise
Mota Dau, presidente da CNTSS e
quarta-secretária da CUT.
Ficou acertado que o pagamento do plano de cargos e salários,
de 47,11%, será feito em quatro
parcelas de 10,13%.
A primeira parcela será paga em
dezembro deste ano, como queriam os grevistas, em vez de janeiro de 2004, como o governo havia
sugerido. As próximas parcelas
serão pagas em setembro de 2004
e maio e dezembro de 2005.
Com o acordo, não haverá desconto dos salários e os funcionários retornam ao trabalho na segunda-feira, ampliando o horário
de atendimento para recuperar o
atraso provocado pela greve.
Decreto presidencial
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva deu aos servidores em greve
um prazo de cinco dias para voltarem ao trabalho. A tolerância
está prevista no decreto nš 4.816
publicado no "Diário Oficial" da
União. Os funcionários que interromperem a paralisação nesse
prazo não terão desconto no salário dos dias parados.
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