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São Paulo, sábado, 23 de agosto de 2003

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Para Kozel pai, valor "não tem cabimento"

DA REPORTAGEM LOCAL

Mário Kozel, 80, pai do soldado morto em um atentado da guerrilha em 1968, afirma que o valor da indenização que receberá -R$ 330- "não tem cabimento". Considera importante, no entanto, recebê-la. "Todos os que fizeram aquele movimento, em 1968, foram indenizados. Por que meu filho não?"
 

Folha - A indenização que o sr. recebeu era algo que o sr. pleiteava ou algo que corria no ministério sem que o sr. soubesse?
Mário Kozel -
Eu não sabia nem quanto nem como. Tinha entrado em contato com o sr. José Gregori [ex-ministro da Justiça durante o governo Fernando Henrique Cardoso]. Antes de ele viajar [quando foi nomeado embaixador em Portugal, em 2001], ele me telefonou e disse: "Mário, o que eu podia fazer está feito. Está no Congresso agora". E foi só.

Folha - Por que o sr. acha importante receber essa indenização?
Kozel -
Todos os que fizeram aquele movimento, em 1968, foram indenizados. Por que meu filho não?

Folha - O sr. acha que essa conquista foi um avanço empreendido pelo governo Lula?
Kozel -
Não. Esse é um processo que vem de antes desse governo.

Folha - O sr. votou nessa eleição? Votou no Lula?
Kozel -
Não no Lula. Votei no [José] Serra.

Folha - Como é que o sr. recebeu a notícia da morte do seu filho?
Kozel -
Estava na fábrica e veio uma notícia do quartel de que ele havia sofrido um acidente. Fui imediatamente até lá. Mas já não tinha mais nada.

Folha - O sr. tem raiva dos movimentos de esquerda? O que o sr. pensa da luta armada?
Kozel -
Pra mim... Não tenho resposta. Foi a ocasião. Não sei se naquela ocasião terrorista era uma coisa boa ou má... Nunca quis saber de política.

Folha - Como o sr. via o regime militar?
Kozel -
Pra mim era indiferente.

Folha - O que o sr. acha do valor da indenização? São R$ 330, não é?
Kozel -
Que dinheirão, hein? É um negócio terrível. Não tem cabimento.


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