Candidato à reeleição, o governador Lúcio Alcântara já havia usado no rádio fala em que o presidente enaltecia sua "lealdade"

Aécio minimiza polêmica e diz que o cearense só quis refutar boato de que Estado e União se divorciariam caso governantes sejam reeleitos

DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RESENDE (RJ)

Após usar o trecho de um discurso de Luiz Inácio Lula da Silva em sua propaganda de rádio, a campanha do tucano Lúcio Alcântara, candidato à reeleição no Ceará, passou ontem a mostrá-lo na TV em uma foto com o presidente, ao som de uma fala em que Lula enaltece a lealdade de Alcântara.
Para tentar impedir que a propaganda seja exibida outras vezes, a coligação de Cid Gomes (PSB), que é apoiado pelo PT no Estado, entrou ontem com ação na Justiça Eleitoral, alegando uso ilegal, pelos tucanos, de candidatos de outra coligação no programa eleitoral.
A coligação de Cid exibiu ontem no horário eleitoral uma declaração do presidente, gravada em estúdio, em que ele pede votos ao candidato do PSB.
O tucano Geraldo Alckmin, por sua vez, não aparece no programa de Alcântara e sua candidatura só é defendida no Ceará pelo presidente do PSDB, Tasso Jereissati, que está rompido com o governador.
Para tentar reforçar o pedido de votos ao marido, Lu Alckmin visitou ontem algumas instituições filantrópicas na cidade e foi a uma passeata na periferia. Ao lado dela estava a mulher de Tasso. A primeira-dama do Ceará, Beatriz Alcântara, não compareceu ao encontro.
Para Lu, não há constrangimento. "Estamos todos juntos nesta campanha para eleger o Geraldo e estamos com o Lúcio aqui também", disse.

Repercussão
Em evento em memória dos 30 anos da morte do presidente Juscelino Kubitschek, ontem, no km 128 da via Dutra, em Resende (RJ), o governador Aécio Neves (PSDB-MG) e o candidato tucano ao governo de São Paulo José Serra tentaram minimizar a questão.
Aécio disse que a intenção de Alcântara foi refutar as "insinuações" da oposição de que poderia haver um "divórcio" entre governo cearense e o governo federal, caso Lula e Alcântara sejam reeleitos.
"Na verdade, houve por parte da oposição, segundo eu estou informado, insinuações sucessivas de que a reeleição do governador Lúcio Alcântara e a eventual reeleição do presidente Lula significariam um divórcio do Ceará com o governo federal. Ele apenas quis dizer que trabalha com Geraldo Alckmin, mas que, qualquer que seja o resultado, não haverá esse tipo de perseguição", disse Aécio.
Serra disse que não entendeu a propaganda como uma declaração de apoio do cearense a Lula. "Creio que ele pôs a imagem do Lula por razões da política cearense. Mas confio que ele vai trabalhar pelo nosso candidato", disse.
Serra afirmou ainda que Alckmin não precisa aparecer nos programas eleitorais em todos os Estados para vencer. "A campanha [de Alckmin] já tem o apoio de Estados-chaves, como São Paulo", disse ele.
Alckmin também participou da homenagem, com o candidato tucano ao governo do Rio, Eduardo Paes, e Maristela Kubitschek, filha de JK e candidata a vice de Paes.
Questionado, Alckmin disse apenas que não via "nenhum problema" na atitude de Alcântara e que falaria sobre o assunto em Resende, onde fez campanha com Paes. O candidato, porém, não concedeu entrevistas durante a caminhada. (KAMILA FERNANDES E FÁBIO AMATO)

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