São Paulo, quinta-feira, 23 de agosto de 2007

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Renan agora diz ter obtido R$ 178 mil com empréstimo

Contrato com uma locadora teria sido feito em 2005, ano em que os peritos apontaram um rombo nas contas do senador

O valor seria quitado com duas notas promissórias, das quais uma venceu em 31 de março; peritos não viram o registro do pagamento

ANDRÉA MICHAEL
SILVIO NAVARRO
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Documentos analisados pelos peritos da Polícia Federal revelaram que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) não declarou ao fisco um empréstimo de R$ 178 mil, tomado em 2005 da Costa Dourada Veículos, empresa que presta serviço a órgãos públicos em Alagoas.
O valor seria quitado com duas notas promissórias, de R$ 214,89 mil e R$ 294, 56 mil, que venceriam em 31 de março e 31 outubro de 2007, mas não há, segundo os peritos, pagamentos registrados na empresa.
A documentação foi enviada por Renan na última sexta à PF depois que os peritos que analisaram as declarações do senador à Receita detectaram um descompasso de R$ 24,57 mil entre a evolução patrimonial do peemedebista em 2005 e as receitas que obteve no período.
O laudo concluiu que "não se tratou de apenas dois empréstimos, mas de dezenas de retiradas em espécie, periódicas, ocorridas nos primeiros meses dos anos de 2004 e de 2005". O parecer foi feito a pedido do Conselho de Ética do Senado para averiguar se Renan tinha renda suficiente para lastrear o patrimônio e para pagar a pensão para a filha que ele teve com a jornalista Mônica Veloso.
Consta como sócio da patrocinadora do empréstimo o empresário Tito Uchoa, primo de Renan. Ele não foi localizado.
Segundo o laudo, verificados registros da empresa em 2004, Renan tomou da Costa Dourada, em empréstimos, R$ 78,8 mil. No mesmo ano, os dois sócios da empresa receberam R$ 122 mil, somados pró-labore e dividendos: "parte significativa das receitas da locadora" provinha de nove órgãos públicos.
A análise das declarações de renda de Renan revelou, principalmente em 2002 e 2004, um "alto índice de imobilização". Feitas as contas, teria sobrado para o senador pagar todas as suas despesas pessoais e familiares um total mensal de R$ 2,32 mil em 2002 e R$ 8,57 mil em 2004. Em 2005, o valor declarado ao fisco não foi suficiente para comprovar o que adquiriu -furo de R$ 24,57 mil.
O descompasso aumenta ainda mais se forem somadas despesas de Renan que, ao longo de 2005, surgiram debitadas em sua conta bancária (CPMF, cartão de crédito, TV por assinatura), que totalizam R$ 55,29 mil. Assim, o valor a descoberto naquele ano seria de R$ 79,86 mil.


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