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Renan agora diz ter obtido R$ 178 mil com empréstimo
Contrato com uma locadora teria sido feito em 2005, ano em que os peritos apontaram um rombo nas contas do senador
O valor seria quitado com duas notas promissórias, das quais uma venceu em 31 de março; peritos não viram o registro do pagamento
ANDRÉA MICHAEL
SILVIO NAVARRO
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Documentos analisados pelos peritos da Polícia Federal
revelaram que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) não
declarou ao fisco um empréstimo de R$ 178 mil, tomado em
2005 da Costa Dourada Veículos, empresa que presta serviço
a órgãos públicos em Alagoas.
O valor seria quitado com
duas notas promissórias, de R$
214,89 mil e R$ 294, 56 mil, que
venceriam em 31 de março e 31
outubro de 2007, mas não há,
segundo os peritos, pagamentos registrados na empresa.
A documentação foi enviada
por Renan na última sexta à PF
depois que os peritos que analisaram as declarações do senador à Receita detectaram um
descompasso de R$ 24,57 mil
entre a evolução patrimonial
do peemedebista em 2005 e as
receitas que obteve no período.
O laudo concluiu que "não se
tratou de apenas dois empréstimos, mas de dezenas de retiradas em espécie, periódicas,
ocorridas nos primeiros meses
dos anos de 2004 e de 2005". O
parecer foi feito a pedido do
Conselho de Ética do Senado
para averiguar se Renan tinha
renda suficiente para lastrear o
patrimônio e para pagar a pensão para a filha que ele teve com
a jornalista Mônica Veloso.
Consta como sócio da patrocinadora do empréstimo o empresário Tito Uchoa, primo de
Renan. Ele não foi localizado.
Segundo o laudo, verificados
registros da empresa em 2004,
Renan tomou da Costa Dourada, em empréstimos, R$ 78,8
mil. No mesmo ano, os dois sócios da empresa receberam R$
122 mil, somados pró-labore e
dividendos: "parte significativa
das receitas da locadora" provinha de nove órgãos públicos.
A análise das declarações de
renda de Renan revelou, principalmente em 2002 e 2004, um
"alto índice de imobilização".
Feitas as contas, teria sobrado
para o senador pagar todas as
suas despesas pessoais e familiares um total mensal de R$
2,32 mil em 2002 e R$ 8,57 mil
em 2004. Em 2005, o valor declarado ao fisco não foi suficiente para comprovar o que
adquiriu -furo de R$ 24,57 mil.
O descompasso aumenta ainda mais se forem somadas despesas de Renan que, ao longo de
2005, surgiram debitadas em
sua conta bancária (CPMF, cartão de crédito, TV por assinatura), que totalizam R$ 55,29 mil.
Assim, o valor a descoberto naquele ano seria de R$ 79,86 mil.
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