Tucano critica saúde, cujo secretário é homem de confiança do governador; democrata mira em Marta, que ignora adversários

Programa alckmista mostra mulher chorando por não conseguir atendimento médico para a filha; prefeito diz que Alckmin "é querido"

LAURA MATTOS
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Geraldo Alckmin (PSDB) subiu o tom nos ataques a Gilberto Kassab (DEM), ontem na TV, especialmente na área da saúde. Dessa forma, o tucano José Serra, que apareceu na televisão em apoio a Alckmin na quarta, se torna alvo indireto das críticas alckmistas, uma vez que o secretário da Saúde de Kassab é Januário Montone, homem de confiança do governador, com quem trabalhou no Ministério da Saúde.
A propaganda de Alckmin mostrou mulheres com "o mesmo sofrimento" por não conseguir atendimento médico. Uma diz não saber se a criança será atendida ou "vai morrer" e outra chora com a filha no colo. Alckmin surge em cenário escuro e fundo sonoro soturno e diz que "o atendimento à saúde precisa melhorar muito".
Membros da campanha kassabista e secretários municipais tucanos avaliam que os ataques de Alckmin podem ajudar Kassab a subir nas pesquisas, pois demonstrariam a "inconsistência" da campanha tucana, que estaria usando "tom de oposição para criticar um governo que também é do PSDB". O próprio Kassab disse isso ontem, chamando a candidatura Alckmin de "incoerente". "Ele é querido por todos nós, mas tinha o momento certo para se candidatar, não agora, não no nosso governo, que é seu também. Portanto, é natural sua queda nas pesquisas."
Além das propagandas na televisão, aliados de Kassab se lembram do uso de vereadores para criticar a atual gestão. Citam, por exemplo, a propaganda em que o candidato a vereador e ex-apresentador Sérgio Malandro (PTB) diz, com a inscrição "Geraldo Alckmin" ao fundo: "110 mil crianças sem creche, hospitais sem leito, gente sofrendo no corredor. Basta. Falta seriedade, amor ao povo e vergonha na cara", declara, após usar seus bordões "há, glu, glu, salci fu fu!".

Resposta indireta
Kassab, à noite na TV, apesar de não responder diretamente às críticas, exaltou a saúde em seu governo e criticou o desempenho de Marta Suplicy (PT) no setor. A petista segue como alvo central de Kassab, que sempre cita a taxa do lixo.
Já Marta, líder nas pesquisas, faz uma campanha centrada em si própria ("estou mais madura, mais preparada") com raras e indiretas críticas à gestão atual da prefeitura. Alckmin, embora não a confronte diretamente, ontem à noite, na TV, afirmou que Lula, cuja declaração de apoio não sai do programa de Marta, "não é presidente do PT, mas do Brasil, e tem que governar por todos nós".


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