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Mendes prevê tensão em adoção de súmula que veta nepotismo
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM NATAL
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro
Gilmar Mendes, prevê que haverá "tensão" com a aplicação
da súmula vinculante que proíbe o nepotismo, em razão das
dúvidas que surgirão em relação ao cumprimento da decisão
pelos três Poderes.
"Certamente, haverá situações, nuances, pois é muito difícil, numa súmula, abranger todos os casos e todas as situações", declarou. "Vamos ter,
sem dúvida alguma, tensão
com a aplicação da súmula, e
vamos então poder aprender
um pouco com essa realidade,
que é bastante complexa", afirmou, ontem em Natal (RN).
A 13ª súmula vinculante, que
proíbe a contratação de parentes de até terceiro grau nos três
Poderes, foi aprovada anteontem pelo STF. Para Mendes,
era "necessário" que o país
avançasse sobre o tema.
O ministro admitiu, porém,
que não sabe como serão resolvidas algumas questões polêmicas aprovadas, como a proibição do chamado nepotismo
cruzado, em que um político ou
servidor contrata o parente do
outro. "Não tenho idéia de como isso vai ser resolvido", disse. "Nos casos concretos, vamos ter que examinar."
Para ele, não haverá necessidade de regulamentação da súmula pelo Congresso, como defendem alguns dos presidentes
de TJs (Tribunais de Justiça)
que estão reunidos em Natal.
Para o presidente do TJ-RJ,
desembargador Murta Ribeiro,
a normatização "é uma conseqüência". "Isso vem agora, em
cada caso concreto, em cada
Poder", afirmou Ribeiro.
O presidente do TJ de Mato
Grosso, desembargador Paulo
Lessa, também acha a regulamentação necessária.
"É necessário, sim, que haja
uma proposta legislativa ao
Congresso, com a sanção do
Poder Executivo", disse.
Mendes preferiu não comentar a possibilidade, levantada
por alguns congressistas, de flexibilização da súmula, por meio
da criação de cotas para contratação de parentes. "Teria que
examinar a proposta, senão estaria opinando sobre uma situação ainda não definida."
O presidente do Congresso,
senador Garibaldi Alves
(PMDB-RN), disse que a idéia
da cota "não vai prevalecer".
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