São Paulo, sábado, 23 de agosto de 2008

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Usinas oferecem churrasco para atrair cortadores

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAJAZEIRAS

Diferentemente dos cortadores de cana resgatados pela Procuradoria do Trabalho, que foram levados por um "gato" (aliciador), o recrutamento formal de trabalhadores para usinas paulistas em Cajazeiras se dá com sombra e churrasco.
"As usinas ligam e dizem que vão vir juntar os trabalhadores para levar. Pedem o apoio do sindicato, que dá a sombra. A churrascaria faz o almoço", diz Rigoberto Farias, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cajazeiras. A "sombra" é o salão cedido pelo sindicato para a operação: "Botamos os trabalhadores no salão. Lá também ficam médicos e enfermeiras para examinar tudinho", diz Farias. "Depois a churrascaria serve almoço até a hora de eles saírem para viajar. As empresas pagam tudo."
No recrutamento informal, o "gato" está sempre presente. O intermediário reúne e leva os cortadores a São Paulo sem carteira assinada, sem exame médico e sem trabalho garantido.
Equipes da Cosan e da Usina São José chegam em março a Cajazeiras para o recrutamento. Montam escritórios onde os interessados são avaliados e informados. A Cosan, maior processadora mundial de cana-de-açúcar, diz que o recrutamento dura dois meses. Só em 2008 ela contratou 1.105 cortadores de Cajazeiras (e 2.607 em todo o Nordeste). Foram 438 em 2007 e 265 em 2006. Os cortadores deixam suas cidades após exame médico admissional e registro na carteira de trabalho.
Não foi o caso dos amigos de Cajazeiras, que só fizeram o exame e tiveram a carteira assinada em São Paulo: "Esses que tiveram problema foram clandestinos. Por isso sofreram", diz Farias. "Não dá pra dizer que o trabalho lá é bom. Mas não temos como impedir. Não há recursos aqui." Segundo levantamento de 2003 da Pastoral do Migrante, 15 mil trabalhadores deixam a região de Cajazeiras por ano para trabalhar no interior paulista.
(CA)



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