São Paulo, Segunda-feira, 23 de Agosto de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Comemoração dos 20 anos da lei começa hoje com ato em SP

da Reportagem Local

As comemorações dos 20 anos da Lei da Anistia começam hoje, em São Paulo, com um ato no teatro Tuca, na PUC (Pontifícia Universidade Católica), mesmo local onde foi realizado o primeiro Congresso Nacional pela Anistia, em novembro de 1978.
Estão programados depoimentos de participantes da resistência ao movimento militar de 64, protestos pelo não-esclarecimento sobre mortes e desaparecimentos entre representantes da esquerda e homenagens aos trabalhadores rurais sem terra.
""Vamos fazer um gancho com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e dizer que na democracia ainda há perseguidos políticos, em uma homenagem aos sem-terra", disse o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-presidente do Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA) e um dos organizadores do evento.
Segundo os responsáveis pelo ato na PUC, 1.800 pessoas foram assassinadas no campo nos últimos 20 anos enquanto defendiam a reforma agrária.
A absolvição, na semana passada, de três acusados pelo massacre de 19 sem-terra em Eldorado do Carajás (PA) será um dos temas abordados durante o ato, que ainda incluirá protestos pela condenação a 26 anos e meio de prisão do líder do MST José Rainha Júnior pelo assassinato de um fazendeiro e de um policial militar em junho de 89.
Greenhalgh é advogado de Rainha no caso.
João Pedro Stedile, outro líder sem-terra, é um dos convidados para o evento, patrocinado também pelo Movimento Feminino pela Anistia e pelo Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo.

Caminhada
No domingo, dia 29, o governo do Estado promoverá uma caminhada do Portal do presídio Tiradentes até o antigo prédio do Dops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social), onde militantes presos denunciaram a prática de torturas.
No local de chegada da marcha haverá uma exposição com jornais da época e uma cerimônia promovida por diversas religiões para a ""purificação" do prédio.
Na ocasião, o governador Mário Covas (PSDB) assinará projeto de lei que prevê indenização a torturados em dependências do Estado e convênios para a proteção de testemunhas.
O projeto para as indenizações, já aprovado em Estados como o Paraná e Rio Grande do Sul, deverá ser submetido à Assembléia Legislativa paulista.
O governo planeja a transformação do prédio do Dops em um espaço destinado à arte.
No mês de setembro, haverá a apresentação de uma peça teatral sobre a resistência aos militares e um show com a presença do cantor João Bosco.


Texto Anterior: 20 anos: Anistiados políticos chegam ao poder
Próximo Texto: Artigo - Janio de Freitas: A memória não se anistia
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.