São Paulo, Quinta-feira, 23 de Setembro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RUMO A 2002

Presidente do PT diz que frente partidária proposta pelo presidenciável do PPS é de centro-direita

José Dirceu descarta aliança com Ciro

Matuiti Mayezo - 14.out.96/Folha Imagem
Ciro Gomes (PPS), então do PSDB, durante encontro com o petista José Dirceu, em São Paulo, em 96


ROBERTO COSSO
da Reportagem Local

O presidente nacional do PT, José Dirceu, disse ontem que o projeto do partido para 2002 "não passa por uma discussão com o PPS (partido de Ciro Gomes) porque a aliança que eles querem fazer é de centro-direita".
Dirceu afirma que a maioria das adesões que o PPS recebeu é de pessoas que são de centro-direita. Ele afirma, contudo, que o PT quer debater com o PPS "porque o país vive uma crise econômica sem precedentes".
Na edição de terça-feira, a Folha informou que Ciro Gomes apresentou ao PT uma proposta para que a oposição lance apenas uma candidatura à Presidência da República em 2002.
Segundo a proposta, seria formada uma frente, chamada "Diálogo Nacional". A frente seria aberta para a filiação de eleitores, que indicariam o candidato a ser lançado. O candidato da oposição seria escolhido em uma prévia entre os filiados.
Segundo o presidente do PPS paulista, deputado João Hermann, o PT ainda não havia respondido à proposta.
O petista disse que o documento encaminhado por Ciro Gomes afirma que "pelas limitações do regime presidencialista, a iniciativa desta celebração (a do diálogo nacional) necessariamente cabe ao sr. presidente da República".
Por isso, Dirceu afirma que "é um engodo dizer que (as lideranças do PPS) fizeram uma proposta para a esquerda". Para ele, a proposta era a formação de "um governo de unidade nacional", com o qual o PT não concorda.
"O documento não é sério e revela um comportamento preocupante (de Ciro Gomes)."
O presidente do PT vem criticando o comportamento de Ciro desde sua derrota nas eleições presidenciais do ano passado.
Ele afirma que Ciro não participou ativamente das campanhas dos partidos de oposição ao segundo turno das eleições estaduais e que Ciro não se engajou nas manifestações da esquerda contra o governo federal. "Aonde ele estava quando a oposição estava nas ruas?"
Dirceu ainda reclamou da postura das lideranças do PPS que, segundo ele, "estão tentando colocar a classe média contra o PT".
Ele disse que, "nos momentos de crise, o PPS sempre assume o discurso do governo". Citou como exemplo o fato de o partido ter acusado os petistas de "golpismo" durante a "Marcha dos 100 mil", no mês passado. "Não posso perdoar uma coisa dessas."
O petista diz que "é preciso lembrar que o Ciro é responsável por tudo o que está aí". Ele diz que o presidenciável "defendia as privatizações até o ano passado", que o PPS apoiou a candidatura de Fernando Henrique Cardoso em 1994 e que votou a favor da emenda da reeleição em 1997.
Hermann afirma que ""setores do PPS" apoiaram FHC, mas o partido ficou com o PT e que, quando da votação da reeleição, o PPS tinha dois deputados -um votou contra e o outro, a favor da emenda.
José Dirceu afirma que o PT quer construir uma aliança de centro-esquerda.
"Eles (do PPS) têm todo o direito de fazer o que estão fazendo. O Ciro quer fazer uma continuidade do (governo) que está aí."
O presidente do PT ainda criticou as divergências internas do PPS. "A diferença entre nós e o Ciro é que ele fala uma coisa, o Mangabeira (o filósofo Roberto Mangabeira Unger) fala outra e o Roberto Freire (presidente do PPS) fala outra."
O petista reclamou dos ataques que os líderes do PPS têm feito contra o PT. "Tiraram o PT como adversário."


Texto Anterior: Celso Pinto: Os riscos da economia mundial
Próximo Texto: PSDB decide se unir por Alckmin
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.