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MISTÉRIO EM ALAGOAS
Augusto Farias pedirá embargo de livro de "vidente" e afirma que não sabe de dinheiro no exterior
"Nada há contra mim", diz irmão de PC
ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió
O deputado federal Augusto Farias
(PPB-AL), irmão
de Paulo César Farias, desafia quem
quer que seja a
comprovar que ele tenha matado
PC. "Quero que consigam apenas
um indício de prova contra
mim", disse por telefone.
Depois de negar as suspeitas de
que teria sido o autor da morte
ocorrida em 1996 para controlar
os negócios da família, o deputado declarou que não sabe de nenhum negócio de PC fora do Brasil. "Se tiver dinheiro fora, será
doado para creches do país."
Revelou que vai tentar embargar a venda do livro "72 Horas
com PC", que a "vidente" Amira
Lépore pretende lançar no próximo dia 7. No livro, Lépore relata
diálogos que teria tido com PC e
sua namorada, Suzana Marcolino, e que abrem a suposição de o
deputado ter matado o próprio irmão por questões financeiras.
Na entrevista, Augusto Farias
diz que faz objeções ao desejo de
Élia Pereira Bezerra, cunhada de
PC , de obter a guarda dos sobrinhos. Élia afirmou à Agência Folha, na segunda-feira, desconfiar
que Augusto seja o responsável
pelas mortes do cunhado e de sua
irmã Elma (vítima de insuficiência cardíaca em 1994), além de estar "roubando" os tutelados.
O deputado disse que abre mão
da tutela dos sobrinhos Ingrid, 19,
e Paulo, 17, filhos do irmão morto.
"A decisão sobre a tutela é deles.
Se decidirem pela tia Eônia (promotora que mora com os sobrinhos), concordo. Quanto a Élia,
faço objeções", declarou.
Disse que os sobrinhos não passam necessidades financeiras como disse Élia. "Eu diria que não
tem dinheiro para nadar nele.
Mas não falta dinheiro para a manutenção dos meninos." Leia os
principais trechos da entrevista:
Agência Folha - Élia Pereira
Bezerra, cunhada de Paulo César Farias, suspeita que o sr. tenha matado seu próprio irmão e
a irmã dela (Elma) e que estaria
se apropriando da herança deixada para seus sobrinhos, de
quem o sr. é tutor.
Augusto Farias - Paulo e Ingrid
escolheram o deputado Augusto
Farias para ser o tutor. Foi em um
processo na Justiça, por meio do
juiz Ivan Brito e com o testemunho da promotora Eônia (irmã de
Élia e de Elma Farias). Os meninos que escolhem. Se decidirem
que a tutora será a tia Eônia, darei
a tutela na maior boa vontade. Se
decidirem pela tia Élia, eu teria
objeções.
Agência Folha - O sr. foi acusado por Élia de deixar seus sobrinhos em má situação financeira.
Augusto - É um absurdo dizer
que falta dinheiro para comprar
sabão, como disse a Élia. Eu diria
que não tem dinheiro para nadar
nele. Mas não falta dinheiro para
a manutenção dos meninos.
Orientei-os, por exemplo, para
que eles alugassem a casa e fossem morar em um apartamento
na beira-mar para reduzir gastos.
Foi uma sugestão de tutor.
Agência Folha - Por que o sr.
decidiu assumir a tutela?
Augusto - A decisão foi escolha
espontânea dos meninos. Ser tutor só me trouxe problemas. A
Élia diz que quando Elma era viva
nunca teve bom relacionamento
comigo, e a recíproca era verdadeira, o que sempre foi público.
Ela não gostava de mim pelo ciúme exagerado que tinha do PC.
Mesmo assim, me dava tão bem
com PC que chegou ao ponto de
ele ter um filho homem e ter colocado o nome de Paulo Augusto
César, em minha homenagem. O
PC era meu padrinho. E sou padrinho do Paulinho.
Agência Folha - Levantam a
suspeita de o sr. ter matado seu
próprio irmão.
Augusto - Se alguma pessoa tiver a mente poluída e imaginar
que eu fui capaz de matar meu
próprio irmão e padrinho, essa
pessoa é capaz de matar sua própria mãe. Quero que consigam
apenas um indício de prova contra mim. Se eu dissesse que daria a
minha vida pelo PC, poderia parecer demagogia. Mas digo que
daria tudo na vida para ter o meu
irmão de volta.
Agência Folha - O sr. disputava os negócios de PC com o argentino Jorge La Salvia? Em seu
livro, a "vidente" Amira Lépore
sugere que ele foi o pivô da briga entre o sr. e seu irmão?
Augusto - Eu fui um cara que
sempre botei a cara para defender
meu irmão. Ele ia no carro da polícia, e eu estava ao seu lado. Tive
minha vida investigada. Nunca
estive envolvido em nenhuma
coisa que imaginam. Posso dizer
que uma maluca (Amira Lépore),
uma macumbeira de quarta categoria, quer aproveitar o sensacionalismo para ganhar dinheiro nas
minhas costas. Só a Justiça poderá
julgar essa ladra. Vou embargar o
livro dela na Justiça para que ela
não engane os brasileiros.
Agência Folha - Mas o sr. conhecia La Salvia?
Augusto - Conhecia. É um argentino que mora no Rio de Janeiro e que tinha negócios com o
PC. A Polícia Federal sabe. La Salvia esteve na casa da praia de Guaxuma várias vezes. PC e La Salvia
tinham negócios, mas não sei de
que tipo.
Agência Folha - Então o dinheiro desses negócios no exterior ficou perdido?
Augusto - Não sei de negócio
fora do país com La Salvia. Não
tem nada escrito que diga que há
negócios. O que tem do PC é um
sonho que a imagem criou. Nunca conheci nem soube de conta do
PC fora do país. Seu patrimônio
está no Brasil. Se tiver dinheiro fora, será doado para as creches do
país.
Agência Folha - A operação
"Mãos Limpas" (realizada pela
Justiça italiana para apurar a
corrupção em instâncias governamentais do país) chegou a pegar três contas do PC na Suíça.
Augusto - Nunca soube disso.
Agência Folha - Há problemas
no espólio de PC?
Augusto - A família Martinez,
cheia de velhacos, está com R$ 3
milhões dos meninos. Estamos
executando judicialmente o José
Carlos Martinez, o irmão dele,
Flávio, e o pai, Oscar. Venderam a
CNT (a rede de TV), da qual PC
era sócio, e não pagaram os meus
sobrinhos. (Martinez admitiu
ontem a dívida com a família Farias, mas nega, no entanto, que
PC tenha sido seu sócio na CNT.
O dinheiro teria sido um empréstimo.)
Agência Folha - O sr. ainda
acredita que seu irmão foi vítima de crime passional?
Augusto - Não mudou nada para mim. Entre as pessoas que estavam e passaram pela casa, há
mais de 15 envolvidos. Nunca
houve uma contradição em três
anos. Não admito que ninguém
possa suspeitar de mim.
Agência Folha - Os peritos e legistas dos dois inquéritos afirmam que os seguranças que estavam na casa teriam de ter ouvido os tiros.
Augusto - Acho que, se os tiros
eram audíveis e não foram ouvidos, não é motivo para condenar
os seguranças. Poderiam até estar
dormindo.
Agência Folha - Há fitas gravadas, em poder da polícia, em
que um funcionário do sr. tenta
subornar os delegados que investigam a morte de seu irmão
para que eles não o indiciem.
Augusto - Isso foi armação dos
delegados. Se usaram meu nome,
foi sem a minha autorização.
Nunca tentaria o suborno. Até
porque não há nada contra mim.
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