São Paulo, sábado, 23 de setembro de 2000

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PAINEL


Guerra é guerra
Temendo agitadores infiltrados no comício que Marta Suplicy faz amanhã à tarde em frente ao estádio do Pacaembu, onde joga o Corinthians, o PT mandou reforçar a sua própria segurança para o evento.

Ventríloquo político
O PT vê na tentativa de Arnaldo Faria de Sá, secretário de Governo de Celso Pitta, de cancelar o comício de Marta a mão invisível de seu "verdadeiro patrão", Paulo Maluf. Que obviamente nega qualquer participação na manobra da prefeitura.

Polícia sob suspeita
Razão adicional alegada pelo PT para reforçar a sua própria segurança no comício de Marta amanhã: depois que o comandante da PM paulista declarou o voto em Geraldo Alckmin, a "garantia" dada pela Secretaria de Segurança Pública ao partido é vista com certa reserva.

O povo na praça
Segundo Faria de Sá, o jogo de domingo deve atrair um grande número de corintianos: será o 23º aniversário do título que o Corinthians ganhou em 1977, contra a mesma Ponte Preta, quebrando 23 anos de jejum. E, no comício, haverá palmeirenses, são-paulinos e santistas.

Sangue antiburguês
Luiza Erundina (PSB) repetiu o estilo de sua irmã mais nova ao usar a condição social de Marta para atacar a petista. Nos palanques, Lurdinha Erundina tem chamado Marta de "candidata burguesa". A ex-prefeita usou uma variante: "Marta não está preocupada com escolas. Seus filhos estudaram na Europa".

Mapa eleitoral
Enquanto Marta evita atritos com adversários e Maluf diminui o tom de seus ataques, Erundina e Alckmin passaram, nos últimos dias, a atirar em várias frentes, com mais intensidade. Na reta final, a temperatura de cada candidato, mais do que nunca, é o sintoma direto do tamanho das suas preocupações.



Sem discurso
A decisão de FHC de estender a correção do FGTS a todos os trabalhadores pegou a equipe econômica de surpresa. Os subordinados ficaram atônitos com Malan, que cedeu sem nenhuma resistência aos argumentos da área política.

Ora, ora...
Redigida a nota pela qual anunciou que estenderia a todos os trabalhadores a correção do FGTS, FHC telefonou para o ministro interino da Fazenda, Amaury Bier. Leu o texto e perguntou o que ele achava. Achava que estava "ótimo, sim senhor".

O melhor amigo
Apesar de seu rigor técnico, Malan nunca se opôs aos rasgos populistas de FHC em momentos delicados. Do Plano Real, antecipado para render frutos em 94, ao câmbio sobrevalorizado, para garantir a reeleição em 98, ele sempre foi fiel ao chefe.

Confusão à vista
A centralização das contas do FGTS na CEF ocorreu entre abril de 91 e setembro de 92. Antes disso, 72 bancos operavam essas contas. Alguns deles fecharam. Ou seja, será difícil para o trabalhador descobrir seu saldo à época dos planos Verão (1989) e Collor (1990). A Caixa, por exemplo, não tem esses dados.

Eco político
A briga entre Jader Barbalho e ACM no Senado chegou à campanha de Salvador. O petista Nelson Pellegrino está usando cenas do peemedebista atacando ACM no plenário para atingir o prefeito Antonio Imbassahy (PFL). "Caladinho aí", diz o paraense na propaganda do PT.

Estranho no ninho
Secretário de Maluf e Pitta, Werner Zulauf é provavelmente o único candidato a vereador que não coloca seu número nas faixas de campanha. Corre entre os tucanos que sua única intenção é incomodar Alckmin, já que o seu partido, o PV, entrou na coligação do vice de Covas.

TIROTEIO

Do deputado estadual Walter Feldman, coordenador de campanha de Geraldo Alckmin (PSDB), sobre o fato de o comício de Marta Suplicy (PT) em frente ao estádio do Pacaembu coincidir com o jogo entre Corinthians e Ponte Preta:
- O PT não tem competência para planejar um comício, quanto mais a prefeitura.

CONTRAPONTO

Quem paga a conta?
Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, ironizou pelos jornais a intenção do governo de estender o reajuste do FGTS a todos os trabalhadores à véspera da eleição. Mas havia ligado para FHC, a fim de esclarecer sua posição. Não conseguiu falar com o Planalto anteontem.
FHC ligou de volta ontem. Acionou o celular de Paulinho. O sindicalista estava montado sobre um caminhão, fazendo campanha salarial, no momento em que o telefone tocou. FHC ouviu a barulheira e Paulinho lhe descreveu a cena.
- Puxa, Paulinho, eu atendo a reivindicação de vocês no FGTS e recebo em troca mais manifestação...-disse, irônico, o presidente.
- Mas essa é pelos salários -rebateu, rindo, Paulinho.
- Mas eu também vou ter de pagar? -perguntou FHC.
- Não, essa quem vai pagar são os empresários!


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