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Governo implanta linha de crédito
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
O secretário nacional da Agricultura Familiar, Nelson Borges,
anunciou ontem em Recife (PE) a
implantação de mais uma linha
de crédito do Pronaf para pequenos agricultores, a linha B.
O empréstimo será destinado
apenas a trabalhadores com renda máxima de R$ 1.500 por ano, o
equivalente a R$ 125 por mês (inferior a um salário mínimo). O valor máximo de financiamento será de R$ 500.
A taxa de juros para o crédito,
disse Borges, foi fixada em 1% ao
ano. O prazo de pagamento será
de dois anos com um de carência,
e o rebate (desconto na hora do
pagamento em dia), de 40%.
"Isso significa que o lavrador
que emprestar R$ 500 vai pagar
apenas R$ 305, se não for inadimplente." Segundo Borges, os beneficiados poderão ter acesso a até
três empréstimos consecutivos.
O microcrédito será oferecido a
partir de outubro e, inicialmente,
será dirigido apenas aos trabalhadores do Nordeste. A meta, declarou Borges, é beneficiar 200 mil
famílias até junho de 2001.
Segundo ele, o governo vai disponibilizar R$ 100 milhões para
atender os pequenos agricultores.
Desse total, R$ 20 milhões serão
disponibilizados ainda este ano.
A aplicação dos recursos, afirmou, não será obrigatoriamente
para a lavoura.
"As famílias poderão obter o
empréstimo para qualquer atividade produtiva que gere renda no
campo", disse.
De acordo com Borges, pescadores, artesãos e aquicultores, por
exemplo, também poderão ter
acesso ao crédito.
"Eles poderão comprar ferramentas, pequenos implementos
agrícolas, bombas de água, o que
acharem importante para aumentar a renda."
A liberação da nova linha de
crédito vinha sendo reivindicada
há três anos pela Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura).
Segundo o presidente da entidade, Manoel Santos, a idéia era oferecer uma forma de financiamento para as famílias excluídas do
processo de negociação com as
instituições financeiras.
"Pessoas que vendem sua força
de trabalho, mas são consideradas improdutivas pelos bancos
porque não têm bens que garantam o retorno dos empréstimos,
não recebem nenhum incentivo
para evoluir", disse.
A proposta inicial feita pela
Contag era de abertura de uma linha de crédito de R$ 1.000. O governo não aceitou, sob alegação
de que seria necessário fazer experiências e que, com R$ 500, poderia atender um número maior
de famílias.
O maior problema para a implantação da linha B, no entanto,
continua sendo os bancos, disse.
"As instituições financeiras estão
resistindo porque o valor do empréstimo é pequeno, e o trabalho
para a liberação dos recursos é o
mesmo dos grandes empréstimos", afirmou.
Uma das soluções apontadas
pela Contag na reunião realizada
ontem em Recife para discutir o
assunto foi a realização de empréstimos coletivos.
"Faríamos um empréstimo e dividiríamos o dinheiro para várias
pessoas", disse Santos.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, que
esteve na reunião, disse que os recursos eventualmente também
poderão ser utilizados por agricultores do MST.
"Só não sei se eles vão aceitar,
porque o valor do empréstimo é
baixo e a renda exigida para ter
acesso ao crédito também", afirmou o ministro.
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