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HANNOVER
Empresas ligadas a políticos do PFL teriam sido favorecidas; são acusados o filho de FHC e o ex-ministro Greca
MP quer suspender pagamento da Expo
MALU GASPAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público Federal
entrou ontem com uma ação na
Justiça Federal de Brasília pedindo, por meio de liminar, a suspensão dos pagamentos de serviços e
obras relacionados ao pavilhão
brasileiro na feira de Hannover,
na Alemanha.
A ação de improbidade administrativa tem 12 acusados, entre
eles o filho do presidente Fernando Henrique Cardoso, Paulo
Henrique Cardoso, o ex-ministro
do Esporte e Turismo Rafael Greca, a empresa Artplan Prime Publicidade S/A, cujos donos são a
filha e o sobrinho do senador Jorge Bornhausen (PFL-SC), e o presidente da Embratur, Caio Cibella
de Carvalho.
Segundo Guilherme Schelb,
procurador da República no Distrito Federal e um dos autores da
ação, o pedido de liminar é o primeiro passo para a abertura de
um processo contra esses mesmos réus, pedindo a indisponibilidade dos bens de todos e a perda
de função pública dos que têm
cargos na administração federal.
A ação dos procuradores Schelb
e Luiz Francisco de Souza se baseia em supostos contratos irregulares feitos para garantir que a
construção do pavilhão ficasse
com as empresas Artplan Prime,
de Fernanda e Ricardo Bornhausen, e da BD Produções Artísticas,
da produtora Bia Lessa. Os três
também são réus na ação.
Segundo o presidente da Embratur, os contratos são legais e
foram realizados com parecer favorável da Advocacia Geral da
União, que representa juridicamente o governo.
A feira de Hannover foi aberta
em maio, com a presença do presidente Fernando Henrique Cardoso, e termina em 31 de outubro.
Segundo a Embratur, já recebeu
mais de 2 milhões de visitantes. O
projeto do pavilhão brasileiro na
feira consumiu R$ 24 milhões.
Uma liminar cancelando os pagamentos que faltam aos fornecedores de serviços e materiais para
o pavilhão de Hannover apenas
reforçaria uma decisão já tomada
pela empresa, que bloqueou o pagamento do R$ 1,6 milhão que faltava. "A decisão reforçaria nossa
posição, porque esse bloqueio era
muito frágil", afirmou Schelb.
Essa parcela seria a única que
falta para completar os gastos
com o pavilhão de Hannover. Segundo o Siafi, o sistema informatizado de acompanhamento dos
gastos do governo federal, toda a
verba destinada para o projeto em
2000 já foi paga.
Para o procurador Schelb, todos
os contratos que envolveram a
construção do pavilhão de 3.200
m2 em Hannover são irregulares.
"Para onde se aponta o dedo há
irregularidades", diz.
A principal seria a contratação,
sem licitação, da Artplan Prime,
dos parentes de Bornhausen, para
montar o pavilhão. O contrato
original da Embratur com a empresa previa pagamento de R$ 1,5
milhão para prestação de serviços
de propaganda e publicidade.
Para que a Artplan pudesse realizar o serviço, a Embratur alterou
a natureza do contrato, incluindo
em seu objeto as obras de construção do pavilhão e uma verba
adicional de R$ 24 milhões.
Para os procuradores, isso é "totalmente ilegal". "Você não pode
mudar o objeto de um contrato
no meio de sua vigência e tampouco pode adicionar verbas em
mais de 25%", afirma Schelb. Os
aditamentos feitos no contrato da
Artplan foram de 1.600%.
O filho de FHC foi incluído entre os réus por ser vice-presidente
do Comissariado Geral do Ministério das Relações Exteriores, que
cuidava da exposição. O presidente do comissariado é o ministro do Itamaraty Cesário Melantônio, também réu na ação.
PFL
Além da falta de licitação, os
procuradores questionam também na ação o fato de os beneficiados pelos contratos terem sido
parentes do senador Jorge Bornhausen, do PFL, e ainda a Artplan Propaganda, que tem como
sócio Rubem Medina, presidente
regional do PFL do Rio.
O PFL é o partido do ex-ministro Rafael Greca. Para o Ministério Público, não é possível afirmar
que houve favorecimento político. "Existe a possibilidade clara e
irrefutável de conflito de interesses. (...) Essa mera possibilidade
não é tolerada pelo ordenamento
jurídico", diz o texto.
A contratação da produtora Bia
Lessa também é questionada pelos promotores por não ter havido licitação e pelo fato de a produtora ser amiga da família do presidente, o que representaria favorecimento.
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