São Paulo, Sábado, 23 de Outubro de 1999
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PDT x PT
"Eles têm mais de 200 cargos e querem mais", diz governador
Garotinho chama petistas do Rio de "partido da boquinha"

enviado especial a Brasília

O governador do Rio, Anthony Garotinho (PDT), disse ontem que o PT do Rio deveria mudar de nome para PB (Partido da Boquinha). "Eles têm mais de 200 cargos no meu governo e estão querendo mais", afirmou, ressalvando que não se referia à totalidade do partido.
"Periodicamente, o PT tem recaídas muito fortes de fisiologismo", disse o governador. O PT é um dos partidos da aliança que elegeu Garotinho governador do Rio. A senadora Benedita da Silva (PT-RJ) foi eleita vice-governadora na chapa. Ela não quis comentar as declarações.
Desde o início deste mês, quando começou uma reforma no seu governo, reduzindo o número de secretarias e criando coordenadores por áreas, interpretado como uma redução do poder dos secretários, Garotinho vem recebendo críticas de setores do PT.
A maior oposição vem da ala do partido liderada pelo deputado federal Carlos Santana. Hoje e amanhã o PT do Rio fará sua convenção regional e algumas correntes do partido, especialmente a denominada Refazendo, defendem o rompimento da aliança com Garotinho.
Carlos Santana é candidato a presidente do diretório estadual do PT e poderá ganhar o apoio do grupo Refazendo se adotar também a bandeira do rompimento.
Anteontem, a bancada do PT na Assembléia Legislativa do Rio (oito deputados) divulgou uma nota criticando a falta de diálogo por parte do governador. A nota foi assinada por toda a bancada, inclusive pelos deputados (a maioria) que são favoráveis à aliança.
"As portas estão abertas para quem quiser sair", disse Garotinho, em referência à possibilidade de os petistas entregarem seus cargos no governo.
Ele ressaltou que dois dos projetos mais importantes do seu governo -Baixada Viva, de obras na Baixada Fluminense, e o programa de reforma do sistema de trens urbanos- estão nas mãos do petista Jorge Bittar, secretário do Planejamento.
Os dois projetos têm recursos de US$ 366 milhões, emprestados pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o Bird (Banco Mundial).
O presidente do PT no Rio, Wilson Farias, rebateu as declarações de Garotinho. "Isso é muito grave. Ele sabe que não é verdade. Ele não tem moral para dizer isso", afirmou Farias, que pertence à mesma facção do deputado federal Carlos Santana. Farias elogiou o governo estadual, que "tem coisas interessantes" e "está certo em fazer o enxugamento da máquina", mas lamentou as "declarações fortes" contra um aliado.
"O governador começou a entrar em desespero. Essa declaração é terrível e vai ter influência na convenção regional deste fim-de-semana. As declarações mostram o descontrole do governador", disse Farias.
(CHICO SANTOS)


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