São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 2002

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GOVERNADORES

SANTA CATARINA

Empate numérico nas intenções de voto faz subir o tom da campanha

ESPERIDIÃO AMIN

Para governador, rival representa o 'retrocesso'

JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA

Depois da derrota de Paulo Maluf (PPB), que ficou fora do segundo turno em São Paulo, o governador Esperidião Amin busca, com a reeleição, manter-se como um dos mais importantes expoentes do PPB no país.
Mas sua campanha, que começou moderada por ele estar em uma posição tranquila, está bem mais agressiva diante do crescimento do adversário.
Pesquisa Ibope divulgada no último final de semana mostrou situação de empate absoluto em 44% entre os dois candidatos. Amin disse que, no Estado, prefere lidar com petistas a lidar com peemedebistas.

Agência Folha - O sr. começou como favorito, mas agora há um quadro de empate. Alguma coisa deu errado na sua campanha?
Esperidião Amin -
Houve um crescimento espantoso do PT, que tirou muitos votos da minha candidatura. É uma opção do eleitor, tenho de respeitar. Mas estou fazendo um esforço para demonstrar que votar no meu adversário é votar no time que manchou o nome de Santa Catarina.

Agência Folha - Uma das críticas ao seu governo é o aumento das taxas de criminalidade. Como pretende contornar o problema?
Amin -
Estamos fazendo o maior investimento em segurança pública da história. Eu saí de uma situação de atraso de salários, equipamentos sucateados, dívidas e desvios de recursos. Investimos em câmeras eletrônicas e trabalhamos a integração da polícia. Mas o diferencial é a Polícia Comunitária e o Proerd [Programa Educacional de Resistência às Droga e à Violência". Esses programas vão ser ampliados.

Agência Folha - O sr. sempre foi um opositor ferrenho de Lula. Caso ele vença, como será a relação?
Amin -
Vai ser a mais cordial e respeitosa possível. Disputei uma eleição com Lula em 1994 [Presidência] e não trocamos ofensas. Se ele for presidente e não for dominado por um sentimento de preconceito, ele vai ter em Santa Catarina não um governador, mas um Estado que será grande parceiro para as coisas que ele defende e nós praticamos.

Agência Folha - A crise argentina provocou impacto em vários setores do Estado, como turismo e agronegócio. Como reverter o quadro?
Amin -
No turismo, estamos procurando o mercado interno, tendo como cliente preferencial os paulistas. Abrimos outras oportunidades com o Chile e com os países do hemisfério norte divulgando as praias, as belezas naturais. No agronegócio, fizemos nossa parte. Somos o único Estado do país livre da febre aftosa, o que nos permitiu abrir o mercado para a Rússia. Perdemos um parceiro com a Argentina, com quem temos uma relação fraterna, mas demos a volta por cima e estamos batendo recordes de exportações.

Agência Folha - O sr. se manteve afastado da guerra fiscal nos últimos anos. Pretende seguir a postura? Como atrair investimentos?
Amin -
Vamos atrair empresas respeitando a lei. Sempre consegui entrar em acordo, fazendo os Estados serem mais parceiros que oponentes. Quando a economia melhora em São Paulo, melhora também em Santa Catarina.

Agência Folha - Houve uma ligeira mudança no perfil da Assembléia Legislativa catarinense, com o aumento de deputados de oposição ao senhor. Será mais difícil governar, caso consiga a reeleição?
Amin -
Eu prefiro lidar com o PT a lidar com o PMDB de Santa Catarina. A qualidade dos petistas é muito melhor, qualidade moral, inclusive. Já trabalhei com a oposição e não vejo problema nenhum. Não vai haver dificuldade.

Agência Folha - Vai haver mudanças em um segundo governo Amin?
Amin -
Eu pretendo continuar a mudança, que já começou, mas ainda não se completou. O meu adversário representa o retrocesso, e a comparação com ele, eu espero, vai me beneficiar.


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