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São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2003

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Dossiê foi feito por assessores de ex-secretário

GABRIELA ATHIAS
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pelo menos dois assessores do ex-secretário nacional de Segurança Pública Luiz Eduardo Soares, que pediu demissão anteontem, são autores de um dossiê que começou a circular em Brasília há cerca de dez dias com supostas denúncias de irregularidades cometidas por Luiz Eduardo.
As denúncias referiam-se à contratação de parentes -o caso mais evidente é o de Miriam Guindani, mulher de Luiz Eduardo- e de consultores próximos ao ex-secretário. Luiz Eduardo Soares também contratou Bárbara Soares, sua ex-mulher, para trabalhar com ele.
Havia ainda, no dossiê, informações sobre repasses de dinheiro feito aos Estados com recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública sem a autorização do Conselho Gestor do fundo.
Só que esse conselho nunca foi empossado. Estão previstos R$ 404 milhões para o fundo neste ano. Até ontem, apenas R$ 268 milhões haviam sido liberados.
Na quarta-feira passada, um assessor do ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) recebeu informação sobre a existência do dossiê, que havia sido enviado à redação de uma revista.
Ao mesmo tempo, os autores das denúncias municiaram a cúpula do gabinete de Thomaz Bastos com dados de supostas irregularidades de Luiz Eduardo.

Tom duro
Alertado, o ministro procurou Luiz Eduardo. Os dois tinham viagem marcada e decidiram deixar o assunto com auxiliares. Bastos determinou que seu secretário-executivo, Luiz Paulo Barreto, apurasse a veracidade.
As conversas entre Barreto e a equipe de Luiz Eduardo ocorreram na mesma quarta em que a informação sobre o dossiê chegou ao ministério. Outras duas reuniões foram feitas no dia seguinte, sempre em tom duro, segundo relato de participantes.
Quando Luiz Eduardo tomou conhecimento do tom das reuniões -uma espécie de auditoria informal na secretaria- entendeu que o ministro estava pedindo seu cargo. Antes disso, houve disputas por causa de remanejamento de verbas do Fundo Nacional de Segurança Pública.
Barreto chegou a pedir a Luiz Eduardo uma conversa reservada para discutirem as contratações, mas o ex-secretário o autorizou a falar com os auxiliares, pois não haveria segredos na secretaria.
Dois motivos diferentes, mas ambos relacionados à disputa de poder, levaram um grupo pequeno de assessores de Luiz Eduardo a planejar a demissão dele. O primeiro refere-se a uma disputa pelo cargo de representante da secretaria no Rio Grande do Sul. O segundo foi o fato de Luiz Eduardo ter determinado que o projeto do Registro de Identidade Civil Único (RIC) fosse tocado por um grupo interministerial.


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