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Dossiê foi feito por assessores de ex-secretário
GABRIELA ATHIAS
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pelo menos dois assessores do
ex-secretário nacional de Segurança Pública Luiz Eduardo Soares, que pediu demissão anteontem, são autores de um dossiê que
começou a circular em Brasília há
cerca de dez dias com supostas
denúncias de irregularidades cometidas por Luiz Eduardo.
As denúncias referiam-se à contratação de parentes -o caso
mais evidente é o de Miriam
Guindani, mulher de Luiz Eduardo- e de consultores próximos
ao ex-secretário. Luiz Eduardo
Soares também contratou Bárbara Soares, sua ex-mulher, para
trabalhar com ele.
Havia ainda, no dossiê, informações sobre repasses de dinheiro feito aos Estados com recursos
do Fundo Nacional de Segurança
Pública sem a autorização do
Conselho Gestor do fundo.
Só que esse conselho nunca foi
empossado. Estão previstos R$
404 milhões para o fundo neste
ano. Até ontem, apenas R$ 268
milhões haviam sido liberados.
Na quarta-feira passada, um assessor do ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) recebeu informação sobre a existência do
dossiê, que havia sido enviado à
redação de uma revista.
Ao mesmo tempo, os autores
das denúncias municiaram a cúpula do gabinete de Thomaz Bastos com dados de supostas irregularidades de Luiz Eduardo.
Tom duro
Alertado, o ministro procurou
Luiz Eduardo. Os dois tinham
viagem marcada e decidiram deixar o assunto com auxiliares. Bastos determinou que seu secretário-executivo, Luiz Paulo Barreto,
apurasse a veracidade.
As conversas entre Barreto e a
equipe de Luiz Eduardo ocorreram na mesma quarta em que a
informação sobre o dossiê chegou
ao ministério. Outras duas reuniões foram feitas no dia seguinte,
sempre em tom duro, segundo relato de participantes.
Quando Luiz Eduardo tomou
conhecimento do tom das reuniões -uma espécie de auditoria
informal na secretaria- entendeu que o ministro estava pedindo seu cargo. Antes disso, houve
disputas por causa de remanejamento de verbas do Fundo Nacional de Segurança Pública.
Barreto chegou a pedir a Luiz
Eduardo uma conversa reservada
para discutirem as contratações,
mas o ex-secretário o autorizou a
falar com os auxiliares, pois não
haveria segredos na secretaria.
Dois motivos diferentes, mas
ambos relacionados à disputa de
poder, levaram um grupo pequeno de assessores de Luiz Eduardo
a planejar a demissão dele. O primeiro refere-se a uma disputa pelo cargo de representante da secretaria no Rio Grande do Sul. O
segundo foi o fato de Luiz Eduardo ter determinado que o projeto
do Registro de Identidade Civil
Único (RIC) fosse tocado por um
grupo interministerial.
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