São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2004

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SÃO PAULO

Tucano disse que vai acabar com a taxa de luz; Marta já fez a mesma promessa; entre os eleitores que rejeitam a prefeita, 25% reprovam as taxas

Serra diz que taxa de lixo só será extinta em 2006

RICARDO BRANDT
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez na campanha eleitoral, o candidato a prefeito de São Paulo José Serra (PSDB) afirmou ontem que sua proposta de extinguir a taxa de lixo só será viabilizada em 2006 e condicionou o fim da taxa de iluminação a uma análise do Orçamento municipal e ao término do serviço de expansão dos pontos de luz na cidade.
"Taxa de lixo nós vamos extinguir (...). Só que eu não posso chegar no primeiro dia de janeiro e extingui. Vamos trabalhar ao longo do ano que vem para preparar sua extinção. Em 2006 não terá com certeza." As declarações foram feitas em entrevista ontem à Rádio CBN. A promessa já havia sido feita em outras ocasiões, mas sem o detalhamento de que isso ocorreria somente em 2006, dando margem a interpretações de que poderia ocorrer em 2005.
Após a entrevista, Serra explicou a jornalistas, em corpo-a-corpo no centro da cidade, que a medida só será adotada em 2006, pois já há um Orçamento elaborado que prevê essa arrecadação. "Ela [taxa de lixo] está no Orçamento, tem despesas, e tem outras formas de financiamento."
Os ataques às taxas criadas pelo governo petista têm justificativa. Pesquisa Datafolha recente aponta que entre os eleitores que repudiam a prefeita Marta Suplicy (PT), 25% reprovam a criação de taxas e o aumento de impostos. A taxa do lixo foi citada por 14% dos que rejeitam a prefeita.
As taxas de lixo e de luz foram criadas no fim de 2002. A do lixo é paga por cerca de 2 milhões de pessoas e vai de R$ 6,67 a R$ 133,15. A da iluminação é de R$ 3,50 para imóveis residenciais e R$ 11 para os não-residenciais.

Iluminação
Serra condicionou o fim da taxa de luz à análise do Orçamento e à conclusão da expansão da rede de iluminação. Marta já prometeu acabar com a taxa até 2006, também após a expansão da rede. Ontem, a petista levou a promessa ao programa eleitoral, à noite: "Nos próximos dois anos, [...] todas as ruas serão iluminadas. E aí, quero anunciar desde já, a taxa de iluminação terá cumprido sua função e será extinta", disse.
Ontem, Serra fez discurso semelhante: disse que a taxa era "desnecessária" e que vai ela "acabar tendo completado o trabalho de iluminação da cidade".
O tucano disse que a prefeitura arrecadou R$ 180 milhões com a cobrança e investiu R$ 2 milhões na expansão da rede, deixando "3.000 ruas sem luz".
A prefeitura informou que os dados de Serra estão errados. Segundo a assessoria, há 24 mil pontos sem luz na cidade -não há medição por ruas-, e o investimento até agora foi R$ 10 milhões.


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