São Paulo, sábado, 23 de novembro de 2002

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TRANSIÇÃO

Lula tomou decisão com cúpula petista; Mercadante deve ficar no Senado

Dirceu irá para a Casa Civil e Palocci deve ocupar Fazenda

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do PT, José Dirceu, será o ministro-chefe da Casa Civil. O chefe da equipe de transição, Antônio Palocci Filho, ocupará a Fazenda, se, na reunião de hoje da cúpula petista em São Paulo, o senador eleito Aloizio Mercadante confirmar oficialmente o já anunciado desejo de ficar no Congresso em 2003.
Segundo a Folha apurou, essas foram as duas principais decisões tomadas pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, na última reunião da cúpula petista que começou na noite de terça e terminou na madrugada de quarta-feira, em Brasília.
Na hipótese, hoje muito pequena, de Mercadante optar pela Fazenda, Palocci comandará o ministério do Planejamento.
Lula também pretende indicar o petista Cristovam Buarque, senador eleito e ex-governador do Distrito Federal, para a pasta da Educação. Há possibilidade de as universidades deixarem de ser atribuição da Educação e se integrarem à Ciência e Tecnologia.
Outra decisão da última reunião: o deputado federal José Genoino, que perdeu a eleição para o governo paulista, deverá ser secretário nacional da Segurança Pública, com status de ministro, ou irá para uma pasta de assuntos políticos, talvez a Secretaria Geral da Presidência, ajudando Dirceu na relação com o Congresso. Está descartada sua ida para a Defesa.
Na reunião de Brasília, falou-se pela primeira vez da possibilidade de Luiz Gushiken, coordenador-adjunto da equipe de transição, chefiar a Secretaria de Comunicação de Governo, cuidando da publicidade federal. Lula disse a um parlamentar que deseja ter no posto alguém de sua extrema confiança. A área é um campo minado devido aos interesses das agências de publicidade e dos veículos de comunicação.
Até então, Gushiken era cotado somente para a Secretaria Geral da Presidência ou para coordenar a equipe de assessores especiais de Lula no Palácio do Planalto.

Assessoria direta
Na cozinha palaciana, deverá ter presença certa o atual secretário da Cultura da Prefeitura de São Paulo, Marco Aurélio Garcia. Posto: assessor para assuntos internacionais. Amigo de Lula e dirigente petista, Gilberto Carvalho deverá ser o secretário-particular, cuidando da agenda de Lula, função que desempenha hoje.
Ainda para funções no Planalto, dois jornalistas já têm assento garantido. Ricardo Kotscho será o secretário de Imprensa. André Singer, o porta-voz.
Não está decidido, mas José Graziano, idealizador do Fome Zero, e Guido Mantega, atual assessor econômico de Lula, também tendem a compor o time palaciano. Hoje, porém, há chance de terem funções extra-Planalto.

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O plano de anunciar o ministério em bloco também já foi descartado por Lula devido às dificuldades de evitar vazamentos e da pressão do mercado pelos nomes da área econômica.
Por isso, o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central deverão ser divulgados antes do final da primeira quinzena de dezembro, data-limite anunciada por Lula. A exigência legal de a diretoria do BC ser sabatinada pelo Senado ainda em dezembro para que possa assumir em janeiro é a justificativa para antecipar nomes da área econômica. Ao mesmo tempo, Dirceu deverá ser confirmado na Casa Civil.
Na reunião de hoje, Lula avançará na definição dos espaços e ministérios dos aliados e da esquerda petista em seu governo. Dirceu relatará o teor de suas conversas com os diversos grupos que desejam integrar o governo e de seus ministeriáveis.
Até o momento, Lula tem adotado um estilo fechado e centralizador para conduzir a formação da equipe. Ele age assim para matar as versões de que terá um superministro, pois sempre pairou acima dos demais dirigentes petistas, e para tentar evitar vazamentos antecipados que possam prejudicar seus planos.
Exemplos: Lula não quer no ministério Leonel Brizola (PDT) e o governador de Minas, Itamar Franco (sem partido). Prefere que ocupem embaixadas. Itamar é cotado para a Itália. Lula tem dúvida em relação à nomeação de Ciro Gomes (PPS) ao ministério. Ciente disso, Ciro pediu ao PPS que o defenda para a embaixada em Washington, posto ocupado por Rubens Barbosa, diplomata de carreira em lua-de-mel com o PT.
O presidente eleito também deseja ter o seu vice, o senador José Alencar (PL-MG), no ministério. Alguns dirigentes do PT são contra. Mas Alencar, um grande empresário, está cotadíssimo para titular da pasta do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.


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