São Paulo, sábado, 23 de novembro de 2002

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TRANSIÇÃO

Em Pernambuco, presidente eleito disse que Estado não será "discriminado por ter um governador que não é do PT"

Lula discute vagas no governo com Arraes

PLÍNIO FRAGA
ENVIADO ESPECIAL A RECIFE

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), discutiu ontem sua equipe de governo com o presidente do PSB, Miguel Arraes (PE), por uma hora, em Recife, mas insistiu em que não há nome certo em seu futuro ministério.
"Ainda não escolhi nenhum ministro. Vou escolher aquilo que o Brasil tem de melhor em cada área, seja do meu partido ou não. Pessoas que sejam éticas, competentes do ponto de vista técnico, e que sejam sensíveis do ponto de vista político", disse, após café da manhã na casa de Arraes.
É fato que Lula já escolheu nomes -como o do presidente nacional do PT, José Dirceu, e do coordenador da equipe de transição, Antônio Palocci Filho- para integrar seu ministério. Mas mesmo esses ainda não têm pastas confirmadas, porque o presidente eleito aguarda a montagem final do quebra-cabeça para a primeira quinzena de dezembro.
Arraes deixou claro que falou da composição do governo com Lula, mas sepultou a possibilidade de ele próprio ser o representante do PSB. "Tenho outras tarefas." Mas o deputado federal eleito por Pernambuco foi evasivo ao ser questionado se o nome do partido será o do candidato derrotado à Presidência, Anthony Garotinho.
"Não conversamos sobre nomes. Falamos do ponto de vista geral. Nosso partido deve participar do governo, mas como e com quem não é o caso de especular. Só depende dele", disse Arraes.
Arraes, Garotinho, o presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, e o candidato derrotado do PPS Ciro Gomes são nomes que apoiaram Lula no segundo turno, mas vistos com reservas para serem transformados em ministros.
Caso semelhante é o do governador de Minas, Itamar Franco (sem partido), convidado para a equipe, mas que poucos petistas acreditam que terá um ministério. Deve ter um posto de representação no exterior.

Com o PMDB
Após o café da manhã com Arraes, Lula seguiu para o Palácio do Campo das Princesas, sede oficial do governo de Pernambuco. Durante 50 minutos, reuniu-se com o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), que foi reeleito e, durante a campanha, chegou a ser cotado para ser o candidato a vice-presidente de José Serra (PSDB).
Jarbas não desceu à porta do palácio para receber Lula e não deu entrevistas após o encontro. Apenas deixou-se fotografar em seu gabinete com o presidente eleito.
"Tive uma conversa com Jarbas Vasconcelos para dizer que Pernambuco não sofrerá da minha parte um milésimo de discriminação por ter um governador que não é do PT", comentou Lula.
Jarbas, o governador eleito do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, e o governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, foram os integrantes do chamado PMDB governista, que apóia FHC, que venceram as eleições em seus Estados. Os outros dois governadores eleitos pelo partido -Roberto Requião (PR) e Luiz Henrique da Silveira (SC)- foram apoiados por Lula, que quer o PMDB em sua base de apoio.

Compromisso sentimental
Lula classificou sua visita a Recife, Garanhuns e Caetés como de caráter "sentimental". "É com muita alegria que um retirante nordestino volta, 50 anos depois, à terra natal eleito presidente."
Lula tentou dividir a responsabilidade pelo cumprimento de suas promessas. "Mais importante que o presidente é a força de cada um de vocês. Nunca vi o povo com tanta vontade de participar."


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