|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRANSIÇÃO
Em Pernambuco, presidente eleito disse que Estado não será "discriminado por ter um governador que não é do PT"
Lula discute vagas no governo com Arraes
PLÍNIO FRAGA
ENVIADO ESPECIAL A RECIFE
O presidente eleito, Luiz Inácio
Lula da Silva (PT), discutiu ontem
sua equipe de governo com o presidente do PSB, Miguel Arraes
(PE), por uma hora, em Recife,
mas insistiu em que não há nome
certo em seu futuro ministério.
"Ainda não escolhi nenhum ministro. Vou escolher aquilo que o
Brasil tem de melhor em cada
área, seja do meu partido ou não.
Pessoas que sejam éticas, competentes do ponto de vista técnico, e
que sejam sensíveis do ponto de
vista político", disse, após café da
manhã na casa de Arraes.
É fato que Lula já escolheu nomes -como o do presidente nacional do PT, José Dirceu, e do
coordenador da equipe de transição, Antônio Palocci Filho- para
integrar seu ministério. Mas mesmo esses ainda não têm pastas
confirmadas, porque o presidente
eleito aguarda a montagem final
do quebra-cabeça para a primeira
quinzena de dezembro.
Arraes deixou claro que falou da
composição do governo com Lula, mas sepultou a possibilidade
de ele próprio ser o representante
do PSB. "Tenho outras tarefas."
Mas o deputado federal eleito por
Pernambuco foi evasivo ao ser
questionado se o nome do partido
será o do candidato derrotado à
Presidência, Anthony Garotinho.
"Não conversamos sobre nomes. Falamos do ponto de vista
geral. Nosso partido deve participar do governo, mas como e com
quem não é o caso de especular.
Só depende dele", disse Arraes.
Arraes, Garotinho, o presidente
nacional do PDT, Leonel Brizola,
e o candidato derrotado do PPS
Ciro Gomes são nomes que
apoiaram Lula no segundo turno,
mas vistos com reservas para serem transformados em ministros.
Caso semelhante é o do governador de Minas, Itamar Franco
(sem partido), convidado para a
equipe, mas que poucos petistas
acreditam que terá um ministério. Deve ter um posto de representação no exterior.
Com o PMDB
Após o café da manhã com Arraes, Lula seguiu para o Palácio do
Campo das Princesas, sede oficial
do governo de Pernambuco. Durante 50 minutos, reuniu-se com
o governador Jarbas Vasconcelos
(PMDB), que foi reeleito e, durante a campanha, chegou a ser cotado para ser o candidato a vice-presidente de José Serra (PSDB).
Jarbas não desceu à porta do palácio para receber Lula e não deu
entrevistas após o encontro. Apenas deixou-se fotografar em seu
gabinete com o presidente eleito.
"Tive uma conversa com Jarbas
Vasconcelos para dizer que Pernambuco não sofrerá da minha
parte um milésimo de discriminação por ter um governador que
não é do PT", comentou Lula.
Jarbas, o governador eleito do
Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, e o governador do Distrito
Federal, Joaquim Roriz, foram os
integrantes do chamado PMDB
governista, que apóia FHC, que
venceram as eleições em seus Estados. Os outros dois governadores eleitos pelo partido -Roberto
Requião (PR) e Luiz Henrique da
Silveira (SC)- foram apoiados
por Lula, que quer o PMDB em
sua base de apoio.
Compromisso sentimental
Lula classificou sua visita a Recife, Garanhuns e Caetés como de
caráter "sentimental". "É com
muita alegria que um retirante
nordestino volta, 50 anos depois,
à terra natal eleito presidente."
Lula tentou dividir a responsabilidade pelo cumprimento de
suas promessas. "Mais importante que o presidente é a força de cada um de vocês. Nunca vi o povo
com tanta vontade de participar."
Texto Anterior: Primo pedirá água e dinheiro a Lula Próximo Texto: PSB pede que Garotinho se retrate com petistas Índice
|