São Paulo, sábado, 23 de novembro de 2002

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ESPÍRITO SANTO

Os 44 agentes que haviam deixado o ES

Agentes federais vão retornar ao Estado

FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA

Os 44 agentes federais que haviam deixado a missão especial do Espírito Santo retornarão ao Estado na próxima semana, por pressão das entidades de defesa dos direitos humanos.
O grupo de combate ao crime organizado enfrenta críticas de entidades da sociedade civil e da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) quanto ao ritmo e à eficácia dos trabalhos.
A missão foi formada depois do arquivamento do pedido de intervenção federal feito pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), alegando infiltração do crime organizado nos Poderes estaduais.
O retorno dos policiais foi anunciado em audiência pública realizada anteontem, em Vitória. Dos 59 agentes federais enviados ao Espírito Santo para integrar o grupo, apenas 15 continuam no Estado, de acordo com a Polícia Federal. Quatro dos cinco delegados que originalmente faziam parte da missão foram trocados.
De acordo com a PF, o efetivo foi reduzido porque foi iniciada uma nova etapa. A primeira fase teria sido de coleta de informações, e agora estariam sendo analisados documentos e depoimentos colhidos.
Segundo o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Orlando Fantazzini (PT-SP), a audiência pública foi convocada devido "à falta de diálogo entre o comando da missão especial e a sociedade civil."
O presidente do Conselho Federal da OAB, Rubens Approbato, e o presidente da sessão capixaba da Ordem, Agesandro Pereira, vão se reunir com o ministro da Justiça, Paulo de Tarso Ribeiro, na próxima terça-feira, para discutir o "retardamento dos resultados".
O grupo foi convocado pelo Ministério da Justiça, em julho, para atuar durante três meses, mas sua permanência foi prolongada até o final deste ano. O futuro governador, Paulo Hartung (PSB) já se reuniu com o ministro da Justiça e com o presidente do PT, José Dirceu, para pedir a continuidade das investigações durante seu governo.
A eficácia do trabalho, no entanto, está sendo questionada pelo fórum Reage Espírito Santo, que reúne entidades de defesa dos direitos humanos e a OAB.
O comando da missão especial alega que os resultados das investigações não podem ser divulgados porque atrapalham o trabalho. Até agora, de acordo com a PF, houve a prisão de 17 pessoas em flagrante, 82 indiciamentos, 30 inquéritos instaurados, 350 depoimentos colhidos, 22 empresas investigadas por suspeitas de envolvimento com licitações fraudulentas, além das prefeituras que tiveram contato com elas.
"Muita coisa não pode ser revelada, senão os investigados começam a fazer a limpeza do rastro, mas 87 pessoas foram indiciadas, por exemplo, e não tínhamos conhecimento disso", afirmou Fantazzini.
A assessoria de imprensa da PF afirmou que a rotatividade dos delegados não afeta o esforço de combate ao crime organizado.


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