São Paulo, sexta-feira, 23 de novembro de 2007

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Líderes atacam 3º mandato de Lula em congresso tucano

"Não estou acusando o presidente Lula de desejar isso porque, se o acusasse, teria de propor seu impeachment", diz o ex-presidente Fernando Henrique

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com um discurso articulado entre todas as suas lideranças, a cúpula do PSDB usou ontem seu Congresso Nacional para atacar o "fantasma" de um terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ameaçou reagir duramente caso a idéia seja levada adiante.
A resposta mais dura veio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-02): "Não estou acusando o presidente Lula de desejar isso porque, se o acusasse, teria de propor seu impeachment. Estou dizendo que existe esse risco no ar".
A tese de mais um mandato de Lula dominou discursos, plenárias e conversas do 3º Congresso Nacional do partido, que ocorre simultaneamente à 9ª convenção da sigla, em Brasília. Hoje, o senador Sérgio Guerra (PE) substituirá o também senador Tasso Jereissati (CE) no comando do PSDB para um mandato de dois anos.
Em discurso que encerrou o primeiro dia do congresso, Fernando Henrique foi ovacionado por cerca de mil militantes ao afirmar que o partido não poderá aceitar "recuo nenhum aos princípios democráticos".
FHC demonstrou desconforto ao falar sobre a reeleição, que o favoreceu em 1998. Disse que o fez porque o mandato de quatro anos era curto e que havia lacunas constitucionais. Também rechaçou a possibilidade de se realizar um plebiscito no país, que, diz ele, só deve ser avocado em caso de temas que suscitem debates amplos.
O tucano cobrou que o presidente Lula se posicione com firmeza sobre o tema. "É preciso que o presidente Lula aja com menos leguleios ao companheiro da Venezuela. Espero que diga com clareza: eu sou contra. Até porque ele foi contra a reeleição em 1997."
Durante entrevista, FHC falou sobre o valerioduto tucano. Ele disse que "mensalão houve no tempo do presidente Lula, gente que recebeu dinheiro para votar a favor do governo". "A acusação em Minas Gerais é diferente, é dinheiro para campanha, o que também não é certo, mas são coisas diferentes. A outra [do mensalão] é mais grave, é deturpar gravemente a instituição no sentido da democracia", afirmou.
FHC disse também que o governo Lula tem "gastos secretos" que, segundo ele, se aproximam da corrupção. Ele não citou a que se referia como "gastos secretos".
Em entrevista, o governador José Serra (SP) também citou o terceiro mandato: "Faz parte da lógica de setores do PT, não acredito em um movimento organizado, não vejo que seja todo mundo. São análises mais baseadas na lógica de um partido de natureza diferente do ponto de vista de organização".
O governador Aécio Neves (MG) completou. "Isso [terceiro mandato] não serve ao país e não acredito que se criem condições para tanto. É preciso, como disse o presidente Fernando Henrique, que o presidente Lula se manifeste com mais clareza." Derrotado por Lula em 2006, o ex-governador Geraldo Alckmin (SP) falou do assunto. "Essa é uma tentativa golpista, na surdina, para ter mandatos intermináveis."
Um dos discursos mais contundentes contra possível mudança na Carta para o terceiro mandato foi o do presidente do PPS, Roberto Freire: "PPS e PSDB têm de dizer "basta!'", disse. (SILVIO NAVARRO, ELIANE CANTANHÊDE, FELIPE SELIGMAN E MARIA LUIZA RABELLO)


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